Cláudio Castro afina e não vai mais dar cargo a Eduardo Bolsonaro

Manobra era para ajudar o filho de Bolsonaro a manter o mandato; esperança agora é Tarcísio, mas chances são consideradas nulas por aliados
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), chegou a considerar seriamente a nomeação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) como secretário em sua gestão. A movimentação tinha como objetivo salvar o mandato do parlamentar, que corre risco após o término de sua licença de 120 dias da Câmara dos Deputados. Apesar de a ideia ter avançado nos bastidores, Castro desistiu após ser alertado por um integrante de um tribunal superior sobre os riscos políticos e jurídicos da manobra. A informação é da coluna de Lauro Jardim.
Segundo interlocutores próximos ao governador, o conselheiro o advertiu de que a nomeação poderia ser interpretada como uma afronta direta ao Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente ao ministro Alexandre de Moraes, relator de investigações que envolvem o filho “Zero Três” do ex-presidente Jair Bolsonaro. A avaliação foi de que o gesto poderia gerar desgaste com a Corte, em um momento delicado institucionalmente.
Embora a nomeação agradasse parte do bolsonarismo e representasse um aceno direto ao ex-presidente, de olho no apoio da família Bolsonaro à sua possível candidatura ao Senado em 2026, Castro concluiu que o custo político seria alto demais.
Alternativa paulista
Aliados do governador fluminense passaram então a defender que Eduardo fosse nomeado secretário em São Paulo, estado pelo qual foi eleito deputado federal. Nesse cenário, seria mais fácil justificar politicamente sua nomeação, ainda que ele continue morando nos Estados Unidos.
No entanto, essa possibilidade também encontra resistência. Pessoas próximas ao governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos) avaliam que são “praticamente nulas” as chances de que ele aceite nomear Eduardo Bolsonaro para qualquer cargo em seu governo — ainda mais em um contexto que envolve clara intenção de blindagem parlamentar.
Reação do STF
A nomeação de Eduardo Bolsonaro para um cargo no Executivo estadual é vista como uma possível manobra para evitar que ele perca o mandato federal caso não reassuma o cargo na Câmara dentro do prazo. No entanto, o Supremo Tribunal Federal já estaria se antecipando a essa estratégia.
De acordo com informações de bastidores, o ministro Alexandre de Moraes estuda conceder uma decisão cautelar que proíba o deputado de assumir cargos públicos, o que inviabilizaria qualquer nomeação — seja no Rio de Janeiro ou em São Paulo.
A medida seria uma resposta preventiva a uma possível tentativa de contornar os desdobramentos jurídicos e políticos das investigações em curso contra o parlamentar.