VÍDEO: A versão de “Débora do batom” para sua prisão no 8 de Janeiro
Que tal um samba? e rolou solto nesse domingo, 1 de janeiro de 2023, na posse de LULA!

“Que tal um samba? Puxar um samba, que tal? Para espantar o tempo feio, para remediar o estrago (….) Um samba para alegrar o dia (…) Depois de tanta mutreta, depois de tanta cascata, depois de tanta derrota, depois de tanta demência. E uma dor filha da puta, que tal? Puxar um samba.” (Chico Buarque de Holanda)
Em julho do ano passado (2022), Chico Buarque lançou o single “que tal um samba”. Para muita gente, e eu me incluo, essa música impulsionou e ritmou uma quase certeza: que iríamos derrotar o projeto de extrema-direita liderado pelo genocida covarde e fujão. Vencemos!
E na posse não é que rolou samba, festa, lágrimas de alegria de uma “beleza pura no fim da borrasca”. Assistimos a uma série de pequenos quadros e gestos repletos de simbologias, emoção e força política que ficarão na memória de quem presenciou e na história de nosso país.
E a subida da rampa do Planalto com representações muito potentes do povo brasileiro: as crianças, os indígenas, os negros, as mulheres e homens trabalhadoras e trabalhadores (e até a cachorrinha resistência, uma vira-lata que foi cuidada durante a vigília Lula Livre e adotada por Janja e Lula). Maravilhoso!
A passagem da faixa de mão em mão e o momento da entrega da mesma a Lula por uma mulher negra, catadora, é de uma riqueza de sentidos. Um deles é a ideia de que a faixa presidencial tinha sido jogada fora, mas foi reciclada com cuidado, esmero e devolvida ao povo em estado infinitamente melhor do que antes.
Outro ponto de atenção foi a palavra de ordem “sem anistia”, gritada pelo mar de gente durante o discurso de Lula na frente do Palácio do Planalto. “Cadeia para os golpistas” e “Punição aos crimes eleitorais”, podia ser lido no material levado pelo Agrupamento Diálogo e Ação Petista à posse. Nada de virar a página!
São muitos motivos para festejar. Lutamos contra o golpe de 2016 dado na Presidenta Dilma e o consequente ataque voraz à Democracia e aos Direitos Sociais e Trabalhistas (o que contribuiu para a eleição do inominável genocida); lutamos 580 dias, em todo o Brasil, pela liberdade de Lula; além do enfrentamento à força bruta das classes dominantes e do extremismo Bolsonarista nos últimos anos.
No discurso de posse, no Congresso Nacional, Lula falou em democracia para sempre, em retomada do crescimento econômico e estímulo a indústria e comércio, garantia dos direitos trabalhistas, revogação do Teto de Gastos, medidas de transparência das contas públicas, combate à miséria e a fome, política de desarmamento.
Além disso, outros desafios estão postos: o fim da tutela militar (artigo 142 da Constituição) e a necessidade de revogação de reformas e medidas prejudiciais à maioria e que, a depender do tempo político e sua dinâmica, podem demandar a instalação de uma Assembleia Constituinte Soberana na linha da reforma mais profunda do Estado.
Os obstáculos ao atendimento das demandas populares e do programa estão colocados. Um quadro da gravidade do problema está no relatório final da equipe de transição (https://static.poder360.com.br/2022/12/Relatorio-final-da-transicao-de-Lula.pdf). Porém, existe muita força popular para enfrentá-los e superá-los. Milhões têm boas expectativas no novo governo e estão dispostas a lutar. A posse de ontem mostrou isso.
Prestemos atenção ao que Lula disse em um de seus vários eventos pós-eleição: as organizações populares, sindicais, coletivos diversos precisam cobrar do governo. O recado precisa ser bem entendido. Ganhamos, levamos e precisamos reivindicar, em outro terreno agora.
Mas hoje, que tal um samba?
Cláudio Félix
(Professor, membro da executiva municipal do PT em Vitória da Conquista)
Vitória da Conquista, 02/01/2023