Tantas notícias e confusão!

Como bárbaros, “os patriotas” quebraram tudo que encontraram pela frente em nome da pátria, da família, religião e tradição; as forças de segurança facilitaram e deram passagem; os ianomâmis morrem de desnutrição nas florestas contaminados pelo mercúrio e malária; os garimpeiros querem a terra; a Justiça pede justiça; Lula recebe chefes de Estado e dá seu tom de conciliação; o mercado reage; os parlamentares fazem seus conchavos; os extremistas recuam, mas podem voltar; e uns querem aculturar os índios.
São tantas notícias e “a morte é confusão”, como já dizia Fernando Pessoa. O tempo corre e janeiro anuncia fevereiro do carnaval. Quase tudo é vendaval e festa para março chegar de ressaca para o moço trabalhar pensando nos próximos feriadões. As dívidas batem na porta, com IPTU, escolas das crianças e IPVA. A violência, o tráfico de drogas e os homicídios não param de crescer, mesmo com o reforço do armamento e mais soldados para combater com truculência.
As redes sociais perigosas e fúteis continuam a bombar, destilando intrigas políticas, ódios, intolerâncias religiosas e de gênero. As pessoas estão cada vez mais doentes superlotando as filas nos corredores dos hospitais. Nos bancos milhões dependem do Bolsa Família para matar a fome da pobreza que não para de aumentar nos casebres e favelas contaminadas por milicianos e traficantes.
O tempo segue com a impressão de ser vagaroso para uns e galopante para outros. São tantos assuntos que nos deixam confuso escolher um para escrever, de tão batidos e comentados. Parte do noticiário é requentado. Cada um emite sua opinião e logo aparece o contraditório, seja de esquerda ou de direita. As pessoas estão estressadas.
Uns se enroscam na filosofia e no academicismo, mas outros são diretos nos recados. A grande maioria nem ler tudo. Uma pedagoga me disse na lata que não gosta de ler. De vergonha, fiquei sem saber o que responder. Melhor ficar quieto, como se fala, na sua. Tem coisa que é melhor manter o silêncio que alguém já disse ser ouro.
Mesmo com tantas notícias e informações nacionais, estaduais e regionais que, às vezes, nos deixam pirados, confesso ser difícil realizar um texto sobre determinado tema que não torne enfadonho e chato para meu único leitor que seja. Nos tempos de hoje, já é uma glória ter um que vá além da manchete.
Escrever é uma arte e já atraiu admiradores. Dava fama nas eras onde a cultura tinha seu valor na linha de frente. Os livros e autores eram discutidos em mesas de bar com acirramento dos ânimos em discussões acaloradas. Hoje é um ofício ingrato. Coisa de teimosos cabeça dura! Muitos falam ser uma cachaça.
Pois é, tem dias que, mesmo diante de tantas notícias, dá um nó na cuca sobre o que escrever para não ser repetitivo. Melhor ser mais ameno com uma crônica da vida bem-humorada que nos faça rir, sem essa coisa pesada que nos deixa mais depressivo como numa sala de consultório médico onde só se ouve queixas de doenças dos pacientes. Não somente a morte, a vida é também uma confusão.