Sarau A Estrada valorizando a nossa cultura há 12 anos
Com o tema “Escravidão II” e subtema “A Marchar dos Abolicionistas e os Confederados Norte-Americanos”, os amigos do “Sarau Colaborativo A Estrada” fizeram neste sábado (dia 12/11), uma noite sublime de valorização da nossa cultura, com cantorias, declamações de poemas e causos. Tivemos uma parada de dois anos por causa da pandemia, mas retornamos com toda força.
Os trabalhos foram abertos com os informes do português Luis Altério sobre o lançamento, em breve, do livro de textos poéticos do jornalista Jeremias Macário e o anúncio do artista Dorinho Chaves do próximo sarau, no dia 10 de dezembro próximo, com o tema “Tropicalismo”. O evento será realizado em sua mansão no Bairro Brasil.
Em seu bate papo, Jeremias Macário destacou os quatro principais abolicionistas – o baiano e advogado rábula Luiz Gama, o pernambucano advogado graduado Joaquim Nabuco, o carioca farmacêutico José do Patrocínio e o baiano de Cachoeira, engenheiro militar André Rebouças.
Cada um com seu papel (em comum todos foram jornalistas) dentro do contexto da escravidão, todos desempenharam sua função para o avanço da Abolição em 1888, principalmente a partir de 1870 com o fim da Guerra do Paraguai, a Lei do Ventre Livre, em 1871, e a dos Sexagenários, em 1885.
Luiz Gama, o único de origem social pobre que amargou o cativeiro durante oito anos, conseguiu com suas defesas libertar mais de quinhentos negros das garras dos senhores fazendeiros. Joaquim Nabuco, o branco “Quincas, o Belo”, era mais moderado e achava que a Abolição era coisa para os políticos e as instituições. Em sua opinião, os negros não deveriam se envolver nessa luta da libertação. Foi também um reformador do Império.
José do Patrocínio, o sarará, mais afoito e brigão, fazia a população delirar em seus comícios e movimentos. Sofreu muito com o preconceito. Monarquista, foi ele quem deu o título à princesa Isabel de “A Redentora”. André Rebouças foi um dos que mais se atormentou com a discriminação racial, especialmente quando esteve nos Estados Unidos (Nova York) e foi barrado nos hotéis e restaurantes. Isso lhe fez entrar num processo profundo de depressão. Foi para África do Sul e de lá para a Ilha das Madeiras onde faleceu. Num certo dia, seu corpo apareceu boiando no rio.
Sob a batuta do diretor ´musical Mano Di Souza, que trouxe seus instrumentos e equipamentos, foi montado um palco onde Marta Moreno, Cleide, Dorinho, Aurelício Oliveira Amorim, cantando de sua autoria “Mãe Preta”, e outros abriram a voz para prestigiar a música popular brasileira. Foi mais uma noite fraternal e memorável. Até o nosso professor Itamar Aguiar, o maior frequentador do nosso sarau, se revelou numa cantoria acompanhando Mano e outros.
O sarau, como sempre, abriu espaço também para os poetas e contadores de causos (Dorinho Chaves) que declamaram poemas de suas autorias, como a poetisa Regina Chaves. No mais, o papo rolou com a troca de ideias sempre no âmbito da cultura, sem essa discussão de política partidária que procuramos sempre evitar.
A anfitriã do “Espaço Cultural a Estrada”, Vandilza Silva Gonçalves a todos recebeu com muita dedicação, brindando os participantes do encontro com uma deliciosa dobradinha que, segundo José Carlos, o atrasado, foi de rezar e lamber os beiços, no que os demais concordaram.
Odete Alves Marlini, representante da Casa da Cultura (olá Poliana, sentimos sua ausência) a tudo registrou nas redes sociais e foi uma autêntica assessora de imprensa e relações públicas. Participaram ainda do nosso evento cultural colaborativo, a professora da Uesb, Lídia Nunes Cunha, Humberto Lima de Oliveira, Sônia, Rosângela de Oliveira, Conça Andrade, Alexsandra, Rodrigo Celino e outros convidados. Para finalizar, as cantorias e as declamações vararam a madrugada num ambiente cordial, divertido e de intercâmbio de conhecimentos.