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Roraima passa a integrar sistema elétrico nacional e se consolida como polo estratégico para novos investimentos

Estado conecta-se ao SIN, reduz custos e fortalece setores como agricultura, turismo e tecnologia
A integração de Roraima ao Sistema Interligado Nacional (SIN) se concretizou neste mês com a energização do Linhão Manaus–Boa Vista, projeto de infraestrutura aguardado há anos. A medida garante fornecimento estável de energia, reduz custos e abre caminho para que o estado se torne referência em setores estratégicos como saúde, tecnologia, turismo, irrigação e agronegócio.
O empreendimento recebeu investimentos de R$ 3,3 bilhões, sendo R$ 2,5 bilhões financiados pelo Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) por meio dos Fundos Constitucionais do Norte (FNO) e da Amazônia (FDA). No último dia 21 de setembro, Roraima chegou a exportar 27 megawatts (MW) ao SIN, demonstrando que a geração local já supera a própria demanda.
Potencial para transformar a economia do estado
Para o secretário extraordinário de Atração de Investimentos do governo estadual, Aluízio Nascimento da Silva, a conexão representa apenas o início de um ciclo mais amplo de desenvolvimento. “O grande negócio do linhão não é só Roraima estar no sistema nacional, mas criar condições para atrair investimentos e, no futuro, disponibilizar energia ao SIN. Queremos transformar essa capacidade em uma regra e fazer dela o grande negócio do estado”, afirmou.
A linha de transmissão, em circuito duplo de 500 kV, liga as subestações Lechuga, Equador e Boa Vista. No momento, opera com cerca de 55% da carga, enquanto o restante continua suprido por usinas locais até o encerramento dos contratos em vigor.
Com a nova infraestrutura, Roraima terá acesso ao mercado livre de energia, condição essencial para futuros empreendimentos industriais, projetos de irrigação e expansão do agronegócio, setor que já cresce em ritmo acelerado no estado.
Interesse em data centers, agroindústria e exportação
Segundo Nascimento, diversos segmentos já manifestam interesse em investir no estado. “Um setor que me deixa muito animado é o de data centers. Já estamos recebendo propostas nesse sentido, assim como de agroindústrias finalísticas, como frigoríficos de frango, visando o consumo local e do Amazonas, que juntos somam quase 5 milhões de consumidores, mas também para atender a vizinhos como Venezuela, Colômbia, Guiana e até os países do Caribe, um mercado de mais de 60 milhões de pessoas. Tudo isso só é possível com energia de confiança”, destacou.
Outro ponto estratégico é a conectividade. Com a Guiana recebendo quatro cabos de fibra ótica internacionais em Georgetown, há possibilidade de aproveitar essa estrutura e oferecer redundância de rede para todo o Norte do Brasil.
Programa Roraima Day fortalece a atração de investidores
Além do setor energético, o estado vem promovendo o programa Roraima Day, criado em 2019 para apresentar o potencial local a investidores nacionais e internacionais. Desde o lançamento, o evento já percorreu nove estados brasileiros, atraindo centenas de empresas.
Na edição mais recente, em Curitiba, 163 companhias participaram, e segundo Nascimento, os resultados são imediatos: “Tenho 34 visitas marcadas in loco de pessoas que estavam em Curitiba”, revelou.
Energização contou com presença do presidente Lula
A cerimônia de energização do linhão ocorreu em 10 de setembro, a partir da sede do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), em Brasília, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do ministro do MIDR, Waldez Góes.
Para Góes, o projeto representa um marco no desenvolvimento da região amazônica. “O presidente Lula segue firme garantindo à Amazônia aquilo que é condicionante para o processo de desenvolvimento e agregar valor às nossas vocações produtivas, que é inovação tecnologia, infraestrutura, energia de qualidade e logística”, afirmou.
Impactos fiscais e ambientais
Com a entrada de Roraima no SIN, há expectativa de forte redução de custos com combustíveis fósseis. Atualmente, usinas termelétricas a diesel são responsáveis pelo abastecimento local, pressionando a Conta de Consumo de Combustíveis (CCC), subsídio pago por todos os brasileiros.
De acordo com Roberto Wagner Lima, gerente de Energia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), até 2026 o linhão de Tucuruí deve suprir cerca de 70% da demanda estadual. Essa mudança poderá representar uma economia superior a R$ 500 milhões anuais. “O Linhão, além de garantir segurança energética para Roraima, vai aliviar o bolso de todos os consumidores do país, reduzindo a necessidade desse subsídio aos combustíveis fósseis”, destacou.
Com a conexão definitiva ao sistema nacional, Roraima deixa de ser a única unidade da federação isolada da rede elétrica e passa a ocupar papel central na estratégia energética e econômica da Amazônia.