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Lula discursa na ONU: assista ao vivo aqui

Presidente brasileiro, como manda a tradição, fará o discurso de abertura da Assembleia-Geral das Nações Unidas e deve mandar recados a Trump; saiba tudo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abre nesta terça-feira (23), às 10h (horário de Brasília), o debate geral da 80ª Assembleia-Geral da ONU, em Nova York. Como manda a tradição desde 1955, o Brasil será o primeiro país a discursar, após as falas do secretário-geral António Guterres e da presidente da Assembleia, Annalena Baerbock. Na sequência, será a vez do presidente dos EUA Donald Trump.
Assista ao vivo ao discurso do presidente Lula:
O que Lula deve dizer
O discurso preparado pelo presidente Lula vai abordar soberania nacional, defesa da democracia e do multilateralismo, críticas ao protecionismo e às tarifas comerciais de Trump, além de compromissos ambientais e da COP30. Também trará mensagens sobre o massacre de palestinos promovido por Israel em Gaza e a guerra na Ucrânia, reforçando o papel do Brasil como mediador e contraponto à agenda belicista dos Estados Unidos.
Em entrevista ao canal PBS NewsHour nesta segunda-feira (22), Lula já havia deixado claro o tom que deve adotar diante da plateia global:
“É inacreditável que o presidente Trump tenha esse tipo de comportamento com o Brasil devido ao julgamento de um ex-presidente que tentou dar um golpe de Estado contra o Estado democrático de direito, que tramou minha morte, a do vice-presidente e do presidente da Suprema Corte”.
Sobre as críticas do republicano à Justiça brasileira, Lula foi direto:
“E eu disse ao presidente Trump: se ele tivesse feito no Brasil o que aconteceu no Capitólio, também estaria no banco dos réus, porque a lei brasileira vale para todos”.
Palestina no centro do discurso
Na segunda-feira (22), Lula participou da Conferência para a Solução Pacífica da Questão Palestina, quando criticou duramente a ocupação israelense apoiada por Trump:
“Não há palavra mais apropriada para descrever o que está ocorrendo em Gaza do que genocídio. Por isso, o Brasil decidiu tornar-se parte do caso apresentado pela África do Sul à Corte Internacional de Justiça”.
O presidente também defendeu a criação do Estado palestino como condição essencial para a paz:
“Tanto Israel quanto a Palestina têm o direito de existir. Trabalhar para efetivar o Estado palestino é corrigir uma assimetria que compromete o diálogo e obstrui a paz”.
Clima, democracia e crítica a Trump
Além da Assembleia-Geral ONU, Lula participa nesta terça de um evento sobre ação climática, onde apresentará o Fundo Florestas Tropicais para Sempre, uma das principais iniciativas brasileiras para a COP30. Na quarta (24), copresidirá o encontro Em Defesa da Democracia, ao lado de líderes como Gabriel Boric e Pedro Sánchez — sem os Estados Unidos, excluídos como resposta à escalada autoritária de Trump.
O contraste com a postura norte-americana será inevitável. O republicano mantém medidas de hostilidade contra o Brasil, como tarifas de 50% sobre produtos nacionais, sanções contra autoridades e até restrições de visto a ministros.
Ao mesmo tempo em que reforça sua agenda internacional positiva — soberania, democracia, clima e paz —, Lula busca se consolidar como voz alternativa ao autoritarismo de Trump no cenário global.
“Queremos ter relações de igualdade com todos. Mas o que não aceitamos é que ninguém, nenhum país do mundo, interfira na nossa democracia e na nossa soberania”, disse Lula em entrevista.