Os países com a maior carga tributária do mundo (e a posição do Brasil), segundo o Banco Mundial
Dados internacionais mostram que Brasil tem sistema tributário desigual, mas longe dos maiores do planeta
Quando o assunto é imposto, o imaginário popular brasileiro costuma se resumir a uma ideia: “o governo federal cobra uma das maiores cargas tributárias do mundo”. Mas os dados internacionais mostram um quadro mais complexo.
Segundo o Banco Mundial, a maior carga tributária é a de Nauru (44% do PIB), seguida de Lesotho (31%) e depois, países europeus como Noruega (31,2%) e Dinamarca (30,5%) eestão entre os que mais arrecadam proporcionalmente.
O Brasil, por sua vez, aparece com 14,7% do PIB em carga tributária federal em 2022, ficando na 92ª posição, muito abaixo da média das nações ricas e até de vizinhos latino-americanos, como Chile (21%), Nicaragua (19%), El Salvador (19%), Uruguay (18%), Peru (15%).
Isso significa que a carga tributária brasileira é mais baixa do que as destes países? Não necessariamente.
A base de dados da UNU-Wider, que inclui não apenas tributos federais, mas também impostos estaduais e municipais, amplia o retrato: a carga tributária total brasileira chega a 24% do PIB. Sob estes critérios, o Brasil não entra nem no top 30 do planeta.
Ou seja, quando se somam todas as esferas de governo, o peso é de fato maior — mas ainda distante dos quase 50% observados em países nórdicos.
A Dinamarca chega a 47%, Nova Zelândia a 34%, Suécia a 33%, França a 30%, Austrália a 29%, Itália a 29%, Canadá a 28%… enfim.
O Brasil fica em 32º no ranking, bem próximo de Portugal, Espanha, e os países latino-americanos como Argentina (23%), Nicaragua (20%), Venezuela (20%), Uruguai (20%) e Guiana (21%).
O detalhe que explica boa parte da sensação de sufoco está na estrutura da arrecadação. Diferente de países onde o grosso dos tributos é federal e redistributivo, no Brasil quem mais pesa no bolso do consumidor é o ICMS, imposto estadual sobre consumo.
Portanto, a narrativa de que “o Brasil tem a maior carga tributária do mundo” não se sustenta nos dados. O país está em um patamar intermediário, mas com um sistema distorcido, onde a maior parte da arrecadação não vem da União e sim dos estados, e onde impostos indiretos pesam mais do que a renda ou patrimônio.
Uma das iniciativas neste sentido é a reforma do Imposto de Renda proposta pelo governo federal, que busca transformar a lógica de arrecadação do Brasil taxando os mais ricos do país.

