Wagner culpa Bolsonaro por fraudes no INSS e diz que governo Lula age com ‘firmeza’
A invasão de Porto de Galinhas

Carlos González – jornalista
Depois de quatro viagens este ano aos Estados Unidos, uma delas na companhia de sua madrasta, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) acionou uma “bomba”, ao anunciar um pedido de licença do mandato – pelo regimento da Câmara ele poderá se afastar, no máximo, por quatro meses – permanecendo, “por tempo indeterminado”, entre os ianques. Como declarou, vai usar esse período para trabalhar, ao lado da extrema direita norte-americana, sob a orientação do presidente Donald Trump, pela queda de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), o inimigo nº 1 dos golpistas brasileiros. A “operação ´punitiva” deverá se estender aos outros Poderes, concluindo o que começou em 8 de janeiro de 2023;
Numa linguagem fantasiosa, carregada de mentiras, uma doença crônica do bolsonarismo, Eduardo gravou um vídeo, infantil e incoerente, revelando que existe um plano, arquitetado por Moraes, para matar seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, ou colocá-lo em prisão perpétua. “Acredito que nunca mais verei meu pai”, exagerou, sendo desmentido pela Procuradoria Geral da República (PGR), mostrando que o ex-capitão circula livremente pelo país. O esvaziado comício de domingo (dia 16), em Copacabana, atesta a verdade dos fatos.
Num país onde o povo deixou de sorrir, salvo em Salvador, onde se pula carnaval o ano todo, usarei também da fantasia para contar como se dará a intervenção dos Estados Unidos no Brasil. Anteontem (dia 17), aqui mesmo neste espaço, meu colega e amigo, o jornalista e escritor Jeremias Macário, usou sua veia humorística para recordar a fuga de D. João VI e da Corte portuguesa para o Brasil, assim que foi anunciado que o imperador francês Napoleão Bonaparte, montado em seu cavalo branco, já se encontrava a caminho de Lisboa.
“Carlota Joaquina, a Princesa do Brasil”, filme de 1995, dirigido pela atriz e cineasta Carla Camurati, desvenda jocosamente o embarque às pressas do devorador de coxinhas de galinha, o rei D. João VI (interpretado pelo ator Marco Nanini), e a burguesia lusa, superlotando as embarcações. No momento em que as âncoras eram içadas chegaram mais caronas, os vereadores lisboetas, que aqui no Brasil proliferaram como os piolhos que vieram na expedição de 52 dias, obrigando a realeza a raspar as cabeças. Sem saber o que estava acontecendo, a plebe ficou em terra, travando, dias depois, a Guerra das Laranjas contra o forte exército francês.
Voltando aos dias atuais, criativos membros do governo de Lula imaginam que Eduardo vai assessorar Trump num plano de invadir o Brasil. Mais uma vez a Central Intelligence Agency (CIA) executaria como estratégia o fracassado desembarque na Baía dos Porcos, em Cuba, ocorrido em abril de 1961. Autorizada pelo presidente Dwight Eisenhower e executada pelo seu sucessor John Kennedy , La Batalla de Girón tinha como finalidade retomar o governo de Cuba, devolvendo aos milionários anticastristas as mansões na belíssima Praia de Varadero. Quase 300 mil exilados cubanos participaram dos treinamentos dados pela CIA, na certeza de que teriam o apoio da aviação dos EUA. Mas, na hora “H”, os caças não apareceram. Sem cobertura aérea, o exército de exilados foi dizimado pelas tropas de Fidel Castro.
Temperando as histórias ficcionistas dos petistas, imaginemos que passe em suas cabeças um enorme grupamento de brasileiros, exilados em Miami e outras cidades norte-americanas, desembarcando na praia de Porto de Galinhas, em Pernambuco, próxima ao Cabo de Santa Maria de la Consolatión, atual Cabo de Santo Agostinha, descoberto pelo navegador espanhol Vicente Yañez Pinzón, três meses antes de Pedro Álvares Cabral aportar no sul da Bahia. O desfecho da operação bélica fica ao critério de cada leitor.
Vale ressaltar que há possibilidade de uma marcha de religiosos fundamentalistas, empunhando suas bíblias, se dirigir ao Dique do Tororó, para destruir com bombas, as imagens dos orixás cultuados pelos seguidores das religiões originárias dos povos africanos, e admirados pelos turistas que vêm a Salvador. Em 1986, a revista “Veja” denunciou, após ouvir o então capitão Bolsonaro, um plano para romper a adutora que fornece água ao Rio de Janeiro. Seus autores estavam inconformados com o fim da ditadura militar.