Pesquisa Gasparetto feita em Vitória em Vitória da Conquista contém erros que comprometem, o resultado deve ser impugnada

Pesquisa realizada em Vitória da Conquista pelo Instituto Gasparetto, registrada com o número BA-01373/2024, não obedeceu os critérios estabelecidos pelo TSE e nem o Plano Amostral indicado pela própria empresa, esses detalhes tornam a pesquisa inidônea e carece de impugnação a quem interessar. Veja abaixo:
Da Mistura Errada de Grupos
A pesquisa eleitoral é uma ferramenta muito forte que pode influenciar a decisão do eleitor. Isso fica ainda mais evidente no Brasil com o fenômeno do “voto útil”, onde muitos escolhem seus candidatos com base no que as pesquisas dizem sobre eles. Por isso, essas pesquisas precisam seguir critérios rigorosos.
De acordo com a Resolução nº 23.600/2019 do TSE, no artigo 2º, IV, é obrigatório informar, junto com o registro da pesquisa, o “plano amostral e como foi feito o filtro por gênero, idade, grau de escolaridade, condição econômica do entrevistado e local onde a pesquisa foi feita, além do nível de confiança e margem de erro, com a fonte dos dados usados”.
Com isso em mente, ao olhar para o plano de amostragem e o questionário da empresa envolvida, percebemos que eles juntaram as faixas de 16 a 24 anos e de 60 anos ou mais. Isso distorce a base de dados oficial do TSE e acaba influenciando os resultados da pesquisa.
Quantos anos você tem: estimulada
16-24
25- 34
35 -44
45- 59
60 ou mais
É importante destacar que NUNCA são misturados eleitores de 16, 17 e 18 a 20 anos com aqueles de 21 a 24 anos, como a pesquisa fez, conforme imagem abaixo do TSE:
Fonte: https://sig.tse.jus.br/ords/dwapr/r/seai/sig-eleitor-eleitorado-mensal/faixa- et%C3%A1ria?session=201310707593717
A forma como o TSE divide as idades tem suas razões. Não dá para comparar a vida de um adolescente de 16 anos, que ainda está se desenvolvendo, com a de um adulto de 24 anos, que provavelmente já está no mercado de trabalho e pensa de maneira bem diferente.
Politicamente, um jovem de 16 anos ainda está formando suas opiniões sobre governantes, enquanto um adulto de 24 já tem uma visão mais consolidada do que espera de seus representantes.
O mesmo acontece na escolha da empresa de juntar pessoas de 70 a 79 anos na faixa de 60 anos ou mais. Isso distorce a real intenção de voto, pois a vida de alguém com mais de 79 anos é bem diferente da de uma pessoa de 60 anos, que pode ainda estar ativa na sociedade.
Os mesmos problemas também aparecem na forma como a empresa agrupou a escolaridade dos entrevistados:
Quando a empresa usa a base de dados do TSE, ela precisa seguir as categorias que estão lá. Como mostra a imagem abaixo, NUNCA são misturados os que sabem ler e escrever com pessoas que iniciaram, mas não completaram o ensino fundamental.
Fonte: https://sig.tse.jus.br/ords/dwapr/r/seai/sig-eleitor-eleitorado-mensal/grau-de- instrucao?session=302323724020832
A forma como o TSE divide os eleitores por escolaridade é bem justificada. Não dá para comparar a visão de mundo de alguém que não teve educação formal com quem iniciou os estudos, mas interrompeu, porque as decisões de voto desses grupos são bem diferentes.
Por isso, juntar grupos tão diferentes como se fossem iguais é muito problemático. Isso pode comprometer de forma significativa os resultados da pesquisa, já que ignora as diferenças importantes que existem entre eleitores de diferentes níveis de escolaridade.
Os mesmos problemas também aparecem na forma como a empresa agrupou a renda dos entrevistados.
Cada faixa de renda representa uma realidade econômica distinta. Aqueles sem rendimento enfrentam diferentes desafios em comparação com aqueles que ganham até 1 salário mínimo, como acesso a serviços básicos e necessidades de subsistência. Pessoas sem rendimento e aquelas que ganham até 1/2 salário mínimo estão geralmente em situação de vulnerabilidade maior, com necessidades urgentes que podem influenciar drasticamente sua intenção de voto em relação a políticas sociais e de bem-estar.
Além disso, a intenção de voto pode variar significativamente entre as faixas, uma vez que cada grupo pode ter prioridades diferentes. Enquanto os que recebem mais de 1 salário mínimo podem priorizar questões relacionadas a emprego e desenvolvimento econômico, os que estão em situação mais precária podem focar em políticas de assistência social e segurança alimentar.
Dessa forma não dá para unir os entrevistados “sem rendimento” com aqueles cujas rendas são “até 1/2 salário mínimo” e “mais de 1/2 a 1 salário mínimo” em uma única faixa “menos de 1 salário mínimo” como a empresa fez.
Da Incompatibilidade do Plano Amostral com o Questionário
Para além da mistura enviesada das categorias de renda, há também a incompatibilidade do plano amostral e do questionário apresentado pela empresa, o que demonstra fragilidade ou falta de cuidado com a qualidade da pesquisa.
No plano amostral há uma cota para a categoria “Sem rendimento” para a renda familiar mensal do entrevistado, mas não há essa opção no questionário apresentado. Ora, como eles ponderarão a amostra se não categorizam de acordo? As demais categorias estão confusas no questionário, não há uma sequência lógica nas categorias, muito menos conformidade com a fonte que eles afirmam ter utilizado, vide imagem abaixo:
Fonte: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ba/vitoria-da-conquista/pesquisa/23/22787?detalhes=true
Assim, ficou claro que houve uma violação do artigo 33 da Lei nº 9.504/97, por não seguir os requisitos que já foram mencionados antes. Não tem outro jeito a não ser considerar essa pesquisa irregular, já que sua confiabilidade está comprometida, algo fundamental para qualquer pesquisa de opinião, principalmente considerando o peso que ela tem na Do Equívoco no Nível Econômico
Para além de tudo exposto até então, há o equívoco no levantamento do nível econômico do entrevistado. Como pode ser observado na imagem acima, o IBGE apresenta o dado do rendimento mensal DOMICILIAR, porém a empresa apresenta o plano amostral com a renda mensal FAMILIAR. A renda mensal familiar e a renda mensal domiciliar são conceitos relacionados, mas têm diferenças fundamentais que podem afetar a análise do nível econômico de uma pessoa. A renda mensal familiar refere-se à soma total de todos os rendimentos recebidos por todos os membros de uma família durante um mês. Por outro lado, a renda mensal domiciliar é a soma dos rendimentos de todos os moradores de um domicílio, que pode incluir pessoas que não estão necessariamente relacionadas ou que não fazem parte da mesma família.
Do Questionário Tendencioso
É visível que o questionário utilizado pela empresa é tendencioso, uma vez que apresenta o nome do candidato Doutor Marcos Adriano como a primeira opção nas perguntas, sem seguir o método correto de rotação ou de utilização de um disco de opções aleatórias. Esse método distorce o resultado da pesquisa, privilegiando a visibilidade de um candidato em detrimento de outros, o que pode influenciar indevidamente a opinião pública, o que reforça a tese de que a pesquisa não é idônea.