Joaquim da Costa Ribeiro, o desconhecido cientista brasileiro que revolucionou a eletrônica
A demência digital: e o processo de degradação educacional
(Prof. Dirlêi A Bonfim)*
Ao iniciar esse ensaio, o faço, ainda impactado com algumas leituras, de artigos, livros e matérias jornalísticas, sobre esse processo patológico, já devidamente, mapeado, registrado, pesquisado… Que está sendo diagnosticado de forma avassaladora na sociedade em geral… especialmente nas crianças jovens e adolescentes. Estou a escrever sobre os efeitos devastadores da demência digital e ou vício virtual, uma doença que atinge em cheio um grande número de pessoas. Demência é um termo geral usado para descrever uma série de sintomas relacionados a um declínio progressivo das funções cognitivas, como memória, pensamento, raciocínio e capacidade de realizar atividades diárias. Confunde-se muito com a doença de Alzheimer (DA), pois esta é a forma mais comum de demência e a que mais se cobra nas provas, mas você deve ficar ligado, porque esses sintomas podem ser causados por várias outras condições. E apesar dela ser mais comum em idosos, ela não é considerada uma parte normal do envelhecimento. Todavia, não se prende apenas ao envelhecimento… Há uma série de patologias que são manifestadas nas mais diversas faixas etárias… A DA é uma das formas mais comuns de demência e representa cerca de 60-80% dos casos. É uma doença neurodegenerativa que causa a deterioração progressiva das células cerebrais e conexões sinápticas. Caracterizada pela acumulação anormal de placas de proteína beta-amiloide e emaranhados neurofibrilares no cérebro. O resultado é perda de memória recente, dificuldade de comunicação, confusão, mudanças de humor e personalidade, desorientação espacial e temporal, além de afetar a capacidade de realizar tarefas cotidianas. À medida que a doença progride, os sintomas se agravam, afetando cada vez mais áreas cognitivas e funcionais do cérebro. Segundo o Professor Spitzer (2007), que vai trazer em uma das suas pesquisas científicas, publicados no livro… Aprendizagens: neurociências e a escola da vida, quando ele tem uma opinião controversa sobre smartphones, “dizendo que eles tornam as crianças “krank” (“doentes”), “dumm” (“estúpidas”) e “süchtig” (“viciadas”), sobre o estágio em que se encontram as crianças (cérebros embotados/dementes), “ elas perdem a capacidade da prática de efetuar leituras e outras tarefas tão simples”. Há alguns postulados, que precisamos desmistificar, como o exemplo: Por que os grandes gurus do Vale do Silício proíbem seus filhos de usar telas? Na verdade, não proíbem, eles educam e fazem a monitoria, para uma utilização racional e controlada. Existem já algumas pesquisas científicas, que demonstram, que na história da humanidade houve um declínio tão acentuado nas habilidades cognitivas? Você sabia que apenas trinta minutos por dia na frente de uma tela são suficientes para que o desenvolvimento intelectual da criança comece a ser afetado? O uso da tecnologia digital – smartphones, computadores, tablets, etc. – pelas novas gerações tem sido absolutamente astronômico. Para crianças de 2 a 8 anos de idade, o consumo médio é de cerca de três horas por dia. Entre 8 e 12 anos, a média diária gira em torno de cinco horas. Na adolescência, esse número sobe para quase sete horas, o que significa mais de 2.400 horas por ano, em plena fase de desenvolvimento intelectual, social, psíquico e humano, o que naturalmente, trará muitas consequências. Já temos também alguns estudos sobre esse conceito da “DD”, que surgiram na Universidade de Seul, na Coreia do Sul. Apesar de ter ganhado maiores proporções nos últimos anos, essa é uma condição já diagnosticada desde o final da década de 2000. O termo passou a ser mais usado no ocidente com a publicação do livro “Demência Digital”, do neurocientista alemão Manfred Spitzer. Como sabemos o processo de aprendizagem, deve ser constante e permanente, o que ocorre em diversas etapas na vida dos indivíduos. De acordo com o Professor Spitzer (2013), no seu livro de grande repercussão mundial, chamado de “demência digital”. Vai nos informar, na sua obra, o que alguns cientistas, na Coréia do Sul, desde (2007), já vinham acompanhando nas pesquisas realizadas com crianças, jovens e adolescentes, transtornos de forma muito frequente de memória, bem como, déficit de atenção e concentração para atividades muito elementares, com manifestação de distúrbios emocionais, embotamento demasiado de inteligência, o que eles classificaram de distúrbios aliados ao processo de “demência digital”. Os sintomas, são diversos e perversos, desde a completa dispersão do mundo real, do pragmatismo cotidiano, a que a todos são exigidos na vida normal, que incluem, desde o esquecimento, habilidades sociais limitadas, habilidades cognitivas prejudicadas a ponto de interferir no funcionamento das atividades diárias, ou ainda… Há uma preocupação inexplicável com a rede (internet), a necessidade de se manter mais tempo on-line, para tentar obter mais satisfação, mentir repetidamente sobre o tempo que permanece on-line, colocar os relacionamentos, profissionais, pessoais, de trabalho, casa, escola, tudo em risco por conta do uso excessivo da internet, além das doenças relacionados a irritação constante, a tendência à depressão, instabilidade de humor, instabilidade emocional, psicanalítica, etc… É necessário entendermos o termo patológico, como algo muito prejudicial (doentio), que precisa de algum tipo de intervenção clínica, no sentido de que a pessoa possa recuperar, inicialmente à sua normalidade e ter alguma qualidade de vida, que está comprometida.
O que dizem os educadores sobre tudo isso que está a acontecer com as novas gerações… Segundo o Professor Léo Fraiman(2023), vai nos dizer que o “uso das telas um níveis descontrolados, é preocupante, pode causar uma série de transtornos, às habilidades cognitivas de cada indivíduo, que certamente trarão sérios prejuízos no aprendizado e mesmo na forma de relacionar-se com o outro”. Vai afirmar ainda que “ … A demência digital, é uma catástrofe social…” É um assunto sério e pouco discutido no ambiente corporativo. Estamos tão desassossegados com inúmeras tarefas (muitas delas repetitivas) e obrigações que deixamos de lado a importância de falar e comunicar sobre o assunto. Nem mesmo a educação ou as instituições de ensino se salvam deste grave problema da sociedade atual”. Filósofos e estudiosos do comportamento humano, dizem que a imbecilidade é consequência do desenvolvimento anormal da psique, condenando o indivíduo a uma eterna infância. Os imbecis são, portanto, pessoas de fácil sugestionabilidade, sendo que os paranóicos (portadores de outra patologia) exercem grande influência sobre eles, como adverte o Professor Eco (2002), “cada paranóico que se tem passado por profeta, inventor ou coisa parecida, tem sempre conseguido arrastar alguns imbecis na órbita do seu delírio”. Segundo o sociólogo norte americano Professor Richard Sennett (2017), ele faz uma crítica as tecnologias ditas inteligentes, argumentando que elas, pelo contrário, nos distanciam cada vez mais da inteligência e da complexidade social. Nos dias atuais, onde percebemos que há um descaso com o valor e a necessidade da leitura em todos as etapas e momentos da vida. Me preocupa profundamente, como são tratadas as bibliotecas no Brasil de forma geral, sejam as públicas, ou ainda nas Instituições de Ensino, há um certo sucateamento das nossas bibliotecas, muitas existem, apenas para cumprir uma determinação legal, mas, há muito tempo, deixaram de existir e cumprir o seu fundamental papel de informar, entreter, emocionar, enaltecer, cada aluno, professor, pesquisador, enfim… Apenas para registrar: Entre 2015 e 2020, o Brasil perdeu ao menos 764 bibliotecas públicas, segundo dados do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas (SNBP), mantido pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo. Em 2015, a base de dados contava 6.057 bibliotecas públicas no Brasil, número que caiu para 5.293 em 2020, dado mais recente disponível no site do SNBP. Para especialistas em biblioteconomia, a queda no número de bibliotecas revela um descaso do poder público com a população mais vulnerável, que não tem acesso a livrarias. São consideradas equipamentos educacionais, culturais essenciais e, portanto, deveriam está no âmbito das políticas públicas dos governos, seja federal, estaduais e ou municipais, serão necessários vários programas de incentivo e de políticas públicas voltadas à atender esse vácuo… Assim também, não entram nessa conta as bibliotecas escolares e universitárias, que têm como público-alvo alunos, professores e funcionários das instituições de ensino. Em uma comparação média com outros países, o brasileiro costuma ler somente cerca de quatro livros por ano, enquanto o canadense lê 12, o que indica um índice de leitura bem abaixo da média. E mais… por exemplo, os franceses leem 21 livros por ano, cinco vezes mais do que os brasileiros. No Brasil, 44% da população não lê e 30% nunca comprou um livro na vida. Os fatores para o afastamento da leitura no Brasil são inúmeros, porém alguns deles podem ser analisados. A falta de programas de incentivo à leitura, nas escolas, nas universidades, a falta de programas de políticas públicas voltadas para a valorização da leitura, bem como, campanha e incentivos através dos veículos de comunicação de massa, chamados de (midiáticos), as redes de Tvs, rádios, na própria rede(internet), acompanhado do fechamento de várias Livrarias, sem falar no preço do Livro do Brasil, que sempre foi muito caro e inacessível… De acordo com o Educador Professor Antoni Zabala (2018), “ não basta que os alunos, deparem-se com os conteúdos para aprender, é necessário que diante dos conteúdos possam utilizar seus conhecimentos para desdobrar tais conteúdos” vai afirmar ainda que “ A escola se tornou ao longo do tempo, apenas um jogo de superar estágios e aprovar os alunos, inclusive sem muito preparo, acadêmico, científico e prático”… Nessa perspectiva, vai certificar o grande mestre Professor Paulo Freire (1992). Quando vai dizer que “ só aprende verdadeiramente, aquele que se apropria do saber, do conhecimento aprendido, transformando em aprendizado permanente e transformando-se a sí mesmo e a outros e outros nas situações existenciais concretas”. Segundo o Professor Michel Desmurget (2022), observa que “o tempo gasto diante da tela para fins recreativos retarda a maturação anatômica e funcional do cérebro e das faculdades cognitivas da linguagem”. Todavia, ele também ressalta que isso não significa que a “revolução digital” seja ruim e deva ser interrompida. Todavia, deverá ser utilizada de forma precisa e racional”. Portanto, se faz, mais do que urgente que reeduquemos as nossas crianças, adolescentes, jovens e também adultos, ao uso racional das novas tecnologias, sem que elas possam lhes trazer o desprazer do adoecimento através da “demência digital” e o fosso da degradação cultural, educacional, social e humana.
**contribuição do Professor DsC. Dirlêi A Bonfim, Doutor em Desenvolvimento Econômico e Ambiental, Professor da SEC/BA**Sociologia** Plano de Formação Continuada Territorial – IAT/SEC/BA.01/2024.1**