O canabidiol num país atrasado que relega a saúde de seus filhos

Sinceramente fico horrorizado quando assisto e leio na mídia a polêmica em torno do uso do canabidiol, uma substância derivada da maconha em alto grau (difinol cristalino, obtido da resina da planta cânhamo) que trata e alivia o sofrimento de muitas pessoas, principalmente crianças, com problemas de convulsões, autistas graves, epilepsia e outras doenças que causam muitas dores.
Da maconha canabis, segundo o dicionário, ervas anuais altas, robustas, da família das Moráceas, aclimatadas no Brasil, que tem caules eretos, folhas com três ou sete folíolos, flores pistiladas em espigas ao longo dos caules folhosos.
A importação do produto dos Estados Unidos e outros países é muito caro e somente pouca gente pode ter acesso. Como se isso não bastasse, para adquirir o familiar do paciente tem que entrar na justiça e esperar um bom tempo pela autorização. A Anvisa, a agência reguladora na área da saúde, não permite o cultivo da planta, nem que venha de fora, para a posterior extração do óleo medicamentoso.
Em pleno século XXI tudo isso é simplesmente um absurdo e de um atraso medieval carregado de preconceitos e hipocrisias. O Brasil ainda é um país que parou nos tempos coloniais. É um exímio imitador da cultura dos outros nas áreas da moda, comemoração de dias e eventos comerciais, inclusive da data das bruxas; faz apologia aos super-heróis norte-americanos e traz para aqui muitas coisas que não prestam.
Quando se trata de importar de lá um medicamento da maconha que beneficia a saúde de centenas e milhares de brasileiros, procura dificultar sua introdução por várias maneiras. Não sou médico, nem cientista no assunto, mas não consigo entender esse imbróglio e fico revoltado.
Cadê o nosso governo de esquerda progressista que não toma as devidas providências para uma solução definitiva dessa situação, enquanto fica silencioso e passivo diante de tanta aflição e sofrimento das vítimas e parentes? Será que não poderia quebrar a patente do canabidiol e fabricar o remédio aqui mesmo? Liberar de vez o plantio da maconha (temos em abundância) em quintais e terrenos próprios, pelo menos para este fim?
Pelo Congresso Nacional nós sabemos muito bem que é retrógrado e só sabe fazer suas maracutais através de seus deputados e senadores se darem bem na vida e curtirem em suas mansões com o dinheiro do povo. Quando o assunto é descriminalização das drogas fogem da questão como o diabo corre da cruz, tudo para continuar como está, isto é, manter os cabeças do tráfico e alimentar a violência.
No caso do canabidiol, que mais nos importa e interessa, é de um cinismo e uma hipocrisia sem tamanho, sem contar a passividade, a insensibilidade e a indiferença com relação ao sofrer dos outros. Enquanto isso, sobrecarrega a estrutura das polícias federais e rodoviárias para apreender quilos e toneladas de maconha e até prender e remeter processo à justiça para condenar usuários.
Por sua vez, essa nossa sociedade é também individualista e careta. A única coisa que aprendeu se “evoluir” foi ser altamente consumista de coisas supérfluas, especialmente se for do exterior. Ela não está nem aí para as dores dos outros que podem ser amenizadas com o canabidiol.
Pelo contrário, concorda com esse quadro esdrúxulo onde não se toma uma posição definitiva para solucionar o grito abafado e o choro de mães, pais, avôs e tios que precisam urgentemente do medicamento para conviver com mais tranquilidade com seus filhos, netos e sobrinhos. Como diz a canção, que país é esse! Ou, esse país não é sério.