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Lula recebe título Doutor Honoris Causa em Moçambique e é ovacionado: “educação é investimento”
Muito emocionado, presidente falou sobre sua “obsessão” pela educação: “sei quanto vale um trabalhador sem profissão”
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi homenageado nesta segunda-feira (24) com o título de Doutor Honoris Causa concedido pela Universidade Pedagógica de Maputo, em Moçambique. A cerimônia marcou o momento mais emocionante da viagem do chefe de Estado ao país africano, reunindo autoridades, docentes e estudantes.
A homenagem simboliza o reconhecimento à trajetória política e ao compromisso de Lula com a educação e o desenvolvimento social. O presidente afirmou que, apesar de já ter recebido outras honrarias acadêmicas, nenhuma o tocou tanto quanto esta. “Sou um chorão por natureza… já tenho muitos títulos doutor honoris causa, mas nenhum me emocionou como esse”, declarou ao iniciar sua fala.
Lula destacou a relação histórica entre Brasil e Moçambique, lembrando que sua primeira visita ao país ocorreu em 2003 e reforçando o vínculo cultural e afetivo com o continente africano. Ele afirmou perceber uma conexão profunda entre os dois povos: “O Brasil deve ao continente africano muito do que é. Foi o povo africano que ajudou a forjar a alma do Brasil”, disse, acrescentando que sempre se sente “voltando para casa” ao retornar ao continente.
Ao tratar do papel da Universidade Pedagógica de Maputo, Lula ressaltou o simbolismo da instituição na trajetória do país e a influência do educador brasileiro Paulo Freire. “Ele nos mostrou que a educação deve ser libertadora”, afirmou, dedicando parte da homenagem à memória do pensador e aos educadores moçambicanos e brasileiros.
Durante o discurso, o presidente revisitou avanços educacionais de seus mandatos e do governo de Dilma Rousseff, mencionando a criação de institutos técnicos, universidades federais, hospitais universitários e novas iniciativas voltadas à permanência estudantil, como o programa Pé-de-Meia. Ele também citou políticas que aproximam jovens africanos do ensino superior brasileiro.
Lula reforçou que educação e democracia são pilares inseparáveis de uma sociedade justa. “Não há democracia verdadeira quando o povo não tem conhecimento”, afirmou, defendendo que a cooperação internacional deve ser pautada pela solidariedade e respeito às soberanias nacionais.
O combate à fome voltou a ocupar espaço central em sua fala. “A fome não é falta de comida. É falta de justiça”, disse, reiterando que políticas como o Fome Zero e o Bolsa Família foram concebidas para enfrentar desigualdades estruturais. Ele criticou a ordem internacional marcada pelo unilateralismo e lembrou que o Sul Global não pode mais aceitar uma posição de mero espectador.
Ao comentar sua experiência pessoal e sua relação com a educação, Lula foi categórico: “Educação é investimento, e é o melhor investimento que o governo faz”. Ele reforçou que o acesso ao ensino não pode depender da origem familiar, da renda ou da religião. “Sei quanto vale um trabalhador ir procurar emprego sem profissão”, afirmou, destacando as barreiras enfrentadas por quem não teve oportunidade de estudar.
Dirigindo-se aos jovens presentes, o presidente fez um apelo apaixonado em defesa da participação política e da persistência nos estudos. “Não desistam nunca… a gente fica velho quando a gente não tem uma causa para lutar”, disse. Ele também criticou a indiferença global diante da fome: “O mundo produz alimento suficiente… qual é a explicação de ter 700 milhões de pessoas passando fome se não a falta de vergonha na cara de quem governa o mundo?”
Ao encerrar, Lula agradeceu à universidade e reforçou que a educação seguirá no centro de sua atuação pública, reafirmando o compromisso com um mundo mais justo e com oportunidades iguais para todos.
Leia a íntegra do discurso do presidente Lula durante Outorga do título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Pedagógica de Maputo,
“Eu sempre achei que aos 80 anos de idade, depois de passar por tantas coisas, eu jamais imaginei que poderia ficar emocionado outra vez.


