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Bolsonarista Rodrigo Manga, o “prefeito tiktoker” de Sorocaba, é afastado do cargo por corrupção
Prefeito conhecido pelos vídeos virais no TikTok é alvo da PF, que apura irregularidades nos contratos da saúde na cidade do interior paulista
O prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga (Republicanos), bolsonarista conhecido por suas dancinhas e vídeos virais nas redes sociais, foi afastado do cargo por 180 dias, nesta quinta-feira (6), por decisão da Justiça Federal. O afastamento ocorreu durante a segunda fase da Operação Copia e Cola, da Polícia Federal (PF), que investiga um esquema de corrupção e desvio de recursos públicos em contratos da saúde no município.
A medida atende a pedido da própria PF e tem como base ações e representações apresentadas pelo vereador Raul Marcelo (PSOL), que desde 2021 denuncia irregularidades nos contratos emergenciais firmados pela gestão Manga com organizações do terceiro setor. O vice-prefeito Fernando Neto (PSD) assume interinamente o comando da cidade.
Contratos milionários e dinheiro apreendido com familiares
De acordo com a investigação, há indícios de fraudes e superfaturamento em contratos que somam mais de R$ 123 milhões, firmados entre a prefeitura e a entidade Aceni/IASE, responsável pela gestão de unidades de pronto-atendimento da cidade. O Tribunal de Contas do Estado (TCE-SP) já havia apontado irregularidades nas contratações, mas, mesmo assim, a prefeitura seguiu firmando novos acordos com a mesma organização.
Durante a primeira fase da operação, em abril, a PF apreendeu R$ 1,7 milhão em espécie, sendo quase R$ 900 mil encontrados com familiares de Rodrigo Manga. Agora, nesta nova etapa, agentes federais cumpriram sete mandados de busca e apreensão e duas prisões preventivas, entre elas a do empresário Marco Silva Mott, apontado como amigo e lobista do prefeito. A Justiça também determinou o bloqueio de bens dos investigados, no valor de R$ 6,5 milhões.
Em nota anterior, Raul Marcelo afirmou que o afastamento é “uma vitória do povo de Sorocaba contra a corrupção” e reforçou que os indícios de crime já vinham sendo ignorados pela administração bolsonarista de Manga. Segundo o vereador, sua representação inicial foi encaminhada ao Ministério Público Federal, ao Ministério Público Estadual e ao TCE-SP, apontando que o prefeito “insistiu em contratos ilegais e lesivos ao erário mesmo após alertas oficiais”.
Nas redes sociais, o prefeito afastado tentou se vitimizar e insinuou perseguição política.
“Acredite se quiser, me afastaram do cargo de prefeito. Eu aqui em Brasília, ontem eu fui em frente o Palácio da Justiça, falei que tem que colocar o Exército na rua (…) O que a gente ouve de bastidores é que os caras tentam tirar do jogo qualquer um que ameaça a candidatura deles”, publicou em vídeo.
Manga, que iniciou a carreira política após trabalhar como vendedor de carros e se tornar influenciador digital, construiu sua popularidade com vídeos de apelo populista no TikTok, em que mistura discursos religiosos, elogios a Bolsonaro, ataques à esquerda e retórica extremista. Apesar do sucesso nas redes, sua gestão tem sido marcada por acusações de aparelhamento político, desinformação e suspeitas de corrupção na saúde pública — área que concentra os contratos investigados pela PF.
A operação, segundo a PF, segue em andamento e novas fases não estão descartadas.

