Prefeitura homenageia 9.247 servidores, essenciais para a gestão do município, mas esquece dos garis
Eleições do PT: Quem ganhou?
No dia 06 de julho último o PT realizou as suas eleições diretas para escolher os novos dirigentes em todos os níveis. É importante destacar que é o único partido no Brasil que elege diretamente sua direção pelo voto direito e livre de seus filiados. Este processo democrático substituiu os encontros de delegados eleitos que definiam os rumos do partido em Congressos Nacionais. As duas formas são altamente participativas mas a escolha direta dos filiados tem sido a preferida, inclusive porque continuam sendo realizados os Encontros e Congressos, momentos em que o debate político e orgânico é mais aprofundado e decisivo. Em Vitória da Conquista, o PED (Programa de Eleição Direta) reacendeu o partido após a derrota municipal sofrida em 2024. As candidaturas à presidência e as das chapas que concorrem ao Diretório são votadas separadamente. Evidentemente a presidenta/o representa todo o partido, coordena a política e as ações políticas e orgânicas aprovadas pela maioria do Diretório que é o verdadeiro órgão dirigente. Essa regra evidentemente facilita a unidade de candidatura à presidência e permite que as concepções divergentes mais acentuadas sejam apresentadas e colocadas em disputas nas diferentes chapas. Ao final, elas terão assentos no diretório de acordo com o número de votos conquistados, garantindo a proporcionalidade eleitoral.
Foram apresentadas três candidaturas à presidência (Viviane, Carlos e Gustavo) e seis chapas concorreram para compor o Diretório Municipal, cada uma delas com a sua nominata e as teses políticas e orgânicas para os filiados. Ao contrário do que se possa imaginar essa quantidade de candidatos/as não reflete divisões e dissidências internas. O debate realizado entre as candidaturas à presidência mostrou uma enorme coincidência de concepções e propostas uniformes que atendem ao que a maioria entende ser necessário ao partido. Algumas questões são praticamente unânimes: renovar e unir o partido, retomar com força aos movimentos populares e às lutas sociais, unificar com independência as forças de esquerda, aprofundar a democracia interna com maior participação das bases, fortalecer o PT para torná-lo partido dirigente na sociedade e no governo, promover a capacitação política e ideológica da militância, enfrentar o avanços fascista e direitista, preparar-se desde já para as eleições de 2026 e 2028 com um programa político-administrativo que corresponda aos interesses dos trabalhadores, do município e do povo. Além disso, muitas outras importantes questões foram debatidas e praticamente sem maiores diferenças.
Também revelo a minha satisfação ao ter visto velhos militantes do enorme interior de Vitória da Conquista. Companheiros e companheiros que muitas vezes isolados enfrentam diuturnamente a truculência e o mandonismo do coronelismo ainda tão presente na “roça”. Sem condução em um domingo, com afazeres próprios infelizmente a carência material do partido para transportar esses militantes impediu a participação de um número maior deles.
O PED transcorreu sob acirrada discussão e análise do partido, sua política e seus problemas, com a participação dos adeptos de cada linha de pensamento. As candidaturas à presidência simbolizaram caracteristicas próprias do PT: uma mulher com experiência políiica-administrativa e mandato eletivo, um quadro com origem na base da igreja e no movimento social e um jovem estudante com proposta de renovação. As seis chapas disputantes traduziram com enorme riqueza a pluralidade de propostas e opiniões que forma o Partido dos Trabalhadores. Teve mais votos a candidata que conseguiu aglutinar mais tendências para a sua candidatura. Todas as chapas terão assento no Diretório Municipal de acordo com a quantidade de votos que conquistaram da vontade dos filiados,
Alguns meios políticos da cidade nutriam a curiosidade de especular sobre quem ganhou e quem perdeu, até para traçar estratégias de combate ao partido.
Incorrem em erro porque as escolhas eleitorais internas do PT não podem ser vistas como acontece em outros partidos ou mesmo como as eleições institucionais. A quantidade de votos obtida democraticamente por disputante vai definir a composição no núcleo dirigente, mas essa verdade coexiste com a atuação permanente das diversas tendências, da concretude de cada luta e opção política em cada momento objetivo da política e da vida social. Dessa forma, o que importa é qual política e métodos serão desenvolvidos pela nova maioria formada nesse PED. Os erros e fraturas cometidos por todos foram expostos e muitas propostas e soluções surgiram. Talvez nem tantas quanto seria necessário. Entendemos perfeitamente que os nossos objetivos são bem maiores do que descobrir ganhadores e perdedores.
Não há a preocupação de formação de uma força hegemônica, existe, sim, o desejo coletivo de unir, renovar e inovar a nossa política e nossa organização. . A questão de hegemonia de direção, maioria e democracia interna foi um dos temas centrais de discussão durante todo o processo eleitoral. Abstraindo-nos dos conceitos clássicos sobre o assunto do revolucionário russo e do pensador italiano podemos provocar a discussão sobre a manifestação do fenômeno do mando em uma sociedade de classes dominada pela propriedade privada dos meios de produção e da riqueza social criada. Não à toa o governo norte-americano segue religiosamente o velho axioma: “Manda quem tem o dinheiro”. Mesmo os partidos socialistas das classes subalternas estão sujeitas a essa cultura: do mando e da submissão.
A prática tem demonstrado que mesmo uma direção originada democraticamente de eleições livres pode escorregar para formas mandonistas que tendem a desvirtuar o princípio do centralismo democrático. Não é razoável a maioria impor-se de forma a inibir e isolar a minoria porque esse método enfraquece o espírito criador e inovador da luta interna que é a força motriz das mudanças que a dinâmica social impõe a todos. Sem dúvida, a democracia interna pressupõe a prevalência da vontade da maioria formada democraticamente sobre a minoria, mas essa regra não pode ser absoluta. A existência e respeito às opiniões e propostas divergentes é uma exigência política e orgânica do Partido dos Trabalhadores Portanto, o PT não aceita a hegemonia dirigente nascida de circunstâncias do momento e por isso não merece perenidade.
A partir de setembro quando começa a primavera abre-se a possibilidade real do Partido dos Trabalhadores aperfeiçoar seus métodos de direção, implementar políticas e reconquistar a maioria eleitoral do povo conquistense.
Não é uma tarefa fácil e somente será vencida se todas as tendências, os militantes e a direção partidária aplicarem as análises e propostas amplamente discutidas e aceitas no processo eleitoral interno.
Edwaldo Alves Silva é filiado ao PT.
