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A falsa consciência do “Pobre de Direita”
“O “pobre de direita”, por sua vez, não possui o hábito da leitura, uma vez que jamais leu um livro sequer. Contudo, sente-se senhor do conhecimento e especialista em opinar sobre cultura, arte e outros temas que demandam extensa leitura.“
Por Herberson Sonkha[1]
Embora o “pobre de direita” sempre tenha existido desorganizadamente no Brasil, sua expressão ganha força com o acirramento dos conflitos de classe, raça e gênero entre 2014, o golpe de 2016 e a ascensão da extrema-direita ao governo da republica do país. Com a vitória eleitoral da extrema-direita brasileira, encarnada no negacionista e fascista Jair Bolsonaro, essa massa latente de “pobre de direita” foi arregimentada no movimento pró-Bolsonaro. Esse crescimento exponencial desse fenômeno já havia sido explicado por Karl Marx há mais de um século.
Contudo, faz-se necessário compreender melhor algumas características dessa massa de “pobre de direita”. Eles compõem a grande parcela de assalariados, mas reproduzem um pensamento como se fossem os próprios patrões. Embora geralmente não possuam os meios de produção (maquinário, galpão, matéria-prima e insumo), imaginam-se burgueses. Possuem, ainda, uma verdadeira aversão a expressões como “esquerda”, “socialismo” e “comunismo”, apesar de serem absolutamente destituídos de conhecimento capaz de explicar qualquer um desses conceitos e suas práticas políticas.
Embora se proclamem patriotas, esses indivíduos bajulam políticos que cortejam o capitalismo, especialmente em sua fase imperialista estadunidense, entregando as riquezas brasileiras aos EUA. Quando questionados, afirmam estar “bem informados”, demonstrando que suas únicas fontes de informação são as notícias produzidas e difundidas por empresas capitalistas, os noticiários da grande burguesia brasileira, como o Jornal Nacional e o Estadão, ou ainda os conteúdos questionáveis que circulam nas mídias sociais.
O “pobre de direita”, por sua vez, não possui o hábito da leitura, uma vez que jamais leu um livro sequer. Contudo, sente-se senhor do conhecimento e especialista em opinar sobre cultura, arte e outros temas que demandam extensa leitura. Embora se declare contra a corrupção, invariavelmente elege políticos corruptos e aproveita-se de quaisquer oportunidades para prejudicar até mesmo seus familiares e amigos.
Publicamente, esse grupo demonstra ser homofóbico, mas, em privado, mantém relações com pessoas do mesmo sexo. Defendem a intervenção militar, mas questionam a suposta “ditadura” na Venezuela. Anseiam pela prisão do ex-presidente Lula e nutrem profundo ódio pelo PT, mas, paradoxalmente, não abrem mão de usufruir de programas sociais como o FIES e o ProUni, criados justamente por essa legenda política. Destituídos de qualquer filtro, padecem da síndrome narcisista, sem, contudo, perceberem seu comportamento reacionário, burlesco e desprovido de qualquer noção.
A questão do patriotismo contraditório em Marx pode ser explicada da seguinte forma: o nacionalismo pode ser utilizado como uma ferramenta pela burguesia para desviar a atenção das contradições de classe internas, promovendo a ideia de que os interesses nacionais (muitas vezes definidos pelos interesses da burguesia) são universais.
Para Marx, a fonte de informação é limitada, pois a superestrutura ideológica, incluindo a mídia, serve para manter a hegemonia da classe dominante, controlando a informação e limitando o acesso do proletariado a perspectivas críticas e emancipadoras. Além disso, no que se refere ao desinteresse pela leitura e cultura, Marx explica que a educação e a cultura sob o capitalismo podem ser manipuladas para desestimular a crítica e o pensamento profundo, mantendo os trabalhadores em um estado de ignorância sobre sua condição de classe.
Dessa forma, o texto tenta apresentar de maneira lógica e coesa a compreensão de Marx sobre a questão do patriotismo contraditório, a limitação da fonte de informação e a manipulação da educação e cultura pelo sistema capitalista. Embora seja um debate tentador, Marx afirma que a moralidade sob o capitalismo pode ser vista como uma extensão dos interesses da burguesia, onde a corrupção é endêmica, mas criticada seletivamente para manter uma fachada de legitimidade.
No que se refere ao polêmico debate sobre homofobia e hipocrisia sexual, Marx considera que a opressão baseada em gênero e sexualidade pode ser entendida como uma forma de divisão e controle social, desviando a atenção das contradições de classe e fragmentando a solidariedade entre os trabalhadores.
Dessa forma, o texto apresenta de maneira clara e coesa a compreensão de Marx sobre a moralidade sob o capitalismo, bem como a sua análise da opressão baseada em gênero e sexualidade como uma estratégia de divisão e controle social.
Na perspectiva de Marx, a intervenção militar pode ser vista como uma ferramenta da burguesia para manter o controle interno e expandir seus interesses econômicos no exterior, enquanto o discurso sobre ditaduras estrangeiras serve para justificar ações imperialistas.
Sob a ótica do materialismo histórico-dialético do marxismo-leninismo, é fundamental entender as condições sociais, econômicas e históricas que moldam o comportamento e as ideias do “pobre de direita”. Essa abordagem se concentra em como a infraestrutura econômica e as relações de produção influenciam a superestrutura ideológica e cultural.
Dessa forma, o texto apresenta de maneira clara e coesa a compreensão de Marx sobre a intervenção militar como uma ferramenta da burguesia, bem como a importância de analisar as condições materiais que moldam as ideias e o comportamento dos indivíduos, segundo a perspectiva do materialismo histórico-dialético.
Tanto Marx quanto Lenin escreveram e debateram exaustivamente os conceitos de classe e de consciência de classe. Nesse sentido, o materialismo histórico sugere que a posição econômica das pessoas molda suas ideias e comportamentos.
O “pobre de direita” é descrito como um assalariado que se imagina patrão, o que reflete uma falta de consciência de classe. Essa alienação pode ser atribuída à ideologia dominante que promove a meritocracia e o individualismo, levando o trabalhador a se identificar mais com os interesses da burguesia do que com os da própria classe trabalhadora.
Dessa forma, o texto apresenta de maneira clara e coesa a compreensão de Marx e Lenin sobre a importância dos conceitos de classe e consciência de classe, bem como a forma como a ideologia dominante, pautada na meritocracia e no individualismo, contribui para a alienação do trabalhador em relação aos seus próprios interesses de classe.
Importante destacar a contribuição do marxismo-leninismo, que enriquece o debate sobre a ideologia e a alienação. Nessa perspectiva, as ideias dominantes em qualquer época são as ideias da classe dominante. No capitalismo, a ideologia dominante é a burguesa, que promove o individualismo, o consumismo e a competição. O texto sugere que o “pobre de direita” internaliza essas ideias, mesmo contra seus próprios interesses materiais. Nesse sentido, a alienação é dupla: tanto em relação ao trabalho quanto à própria consciência de classe.
A não compreensão do Estado e da repressão ideológica compromete a percepção do “pobre de direita” que se diz patriota e apoia figuras como Bolsonaro e o MBL, políticos que entregam as riquezas do Brasil aos EUA. Isso reflete a função do Estado no capitalismo, que não é neutra, mas sim um instrumento de dominação de classe. O Estado e seus aparelhos ideológicos, como a mídia, contribuem para a reprodução da ideologia dominante e a manutenção do status quo.
Dessa forma, o texto apresenta de maneira clara e coesa a contribuição do marxismo-leninismo para a compreensão da ideologia dominante e da alienação do trabalhador, bem como a função do Estado e seus aparelhos ideológicos na reprodução dessa ideologia e na manutenção do sistema capitalista.
Segundo a teoria marxista-leninista, a falsa consciência ocorre quando os trabalhadores não percebem sua real situação e interesses de classe. As características listadas no texto, como a homofobia, o desejo por intervenção militar e a contradição entre o discurso contra corrupção e o apoio a políticos corruptos, ilustram essa falsa consciência. Essas atitudes são moldadas por uma ideologia que desvia a atenção das causas estruturais da opressão e exploração.
As contradições inerentes ao “pobre de direita”, como querer Lula na prisão enquanto se beneficia de programas sociais petistas, ilustram as contradições internas do capitalismo, onde a superestrutura ideológica frequentemente entra em conflito com as necessidades materiais da base econômica. Essas contradições são inevitáveis no capitalismo e geram crises e conflitos dentro da sociedade.
Dessa forma, o texto apresenta de maneira clara e coesa a compreensão da teoria marxista-leninista sobre a falsa consciência, evidenciada pelas contradições do “pobre de direita”, e a forma como a ideologia dominante desvia a atenção das causas estruturais da opressão e exploração. Além disso, destaca as contradições inerentes ao sistema capitalista, que geram crises e conflitos na sociedade.
Portanto, do ponto de vista do materialismo histórico-dialético, o comportamento do “pobre de direita” pode ser visto como um reflexo das condições materiais e da hegemonia ideológica da classe dominante. A alienação, a falsa consciência e as contradições internas são centrais para entender por que um trabalhador pode apoiar políticas e figuras que não servem aos seus próprios interesses de classe.
Sua percepção de mundo é afetada pela inversão da realidade, pois essas pessoas têm uma mentalidade de classe que não corresponde à sua realidade econômica. Sua ilusão de ser burguês sugere que se veem como parte de uma classe social que não lhes pertence. O ódio à esquerda, ao socialismo e ao comunismo está relacionado à história, às pautas e ao simbolismo do vermelho do PT, mas sua rejeição ao partido e uso de benefícios sociais por ele criados sinaliza uma contradição que eles não sabem explicar.
Dessa forma, o texto apresenta de maneira clara e coesa a compreensão do materialismo histórico-dialético sobre o comportamento do “pobre de direita”, destacando a alienação, a falsa consciência e as contradições internas que permeiam sua visão de mundo. Além disso, evidencia a forma como a hegemonia ideológica da classe dominante afeta a percepção desses indivíduos, levando-os a adotar posturas e apoiar figuras políticas que não servem aos seus próprios interesses de classe.
Segundo Marx, o “pobre de direita” reflete a alienação de classe e a falsa consciência, em que o trabalhador se identifica com a burguesia e adota seus valores e ideologias [1]. A ilusão de ser burguês impede a formação de uma consciência de classe proletária e a luta coletiva [2]. O ódio à esquerda, o patriotismo contraditório, a limitação de fontes de informação e o desinteresse pela cultura são explicados pela hegemonia ideológica da burguesia.
Nesse sentido, o marxismo-leninismo contribui para entender as condições sociais, econômicas e históricas que moldam o comportamento e as ideias do “pobre de direita”. O materialismo histórico sugere que a posição econômica das pessoas molda suas ideias e comportamentos, e a alienação do “pobre de direita” está ligada à ideologia dominante burguesa [3]. A falsa consciência, a não compreensão do Estado e da repressão ideológica, e as contradições internas do capitalismo são centrais para entender esse fenômeno.
Dessa forma, o texto apresenta de maneira clara e coesa a compreensão de Marx e do marxismo-leninismo sobre o “pobre de direita”, destacando a alienação de classe, a falsa consciência e a hegemonia ideológica da burguesia como elementos-chave para entender o comportamento e as ideias desse grupo. Além disso, enfatiza a contribuição do materialismo histórico para a análise desse fenômeno.
Portanto, o “pobre de direita” pode ser compreendido como um reflexo das condições materiais e da hegemonia ideológica da classe dominante. Nessa perspectiva, a alienação, a falsa consciência e as contradições internas são elementos fundamentais para entender por que um trabalhador pode apoiar políticas e figuras que não servem aos seus próprios interesses de classe.
Dessa forma, o texto apresenta de maneira clara e coesa a compreensão do “pobre de direita” a partir da análise do materialismo histórico-dialético. Essa abordagem evidencia como a posição econômica e social desses indivíduos, aliada à dominação ideológica da burguesia, moldam sua percepção de mundo e os levam a adotar posturas que vão contra seus próprios interesses de classe.
Ao explorar a alienação, a falsa consciência e as contradições inerentes a esse fenômeno, o texto oferece uma perspectiva aprofundada sobre as raízes sociais, econômicas e históricas que configuram o comportamento do “pobre de direita”. Essa compreensão é essencial para se pensar em estratégias de conscientização e mobilização da classe trabalhadora.
Referências:
[1] MARX, Karl. A ideologia alemã. São Paulo: Boitempo, 2007.
[2] MARX, Karl. O capital: crítica da economia política. São Paulo: Boitempo, 2013.
[3] LENIN, Vladimir. O Estado e a revolução. São Paulo: Expressão Popular, 2007.
[1] Herberson Sonkha é um militante comunista negro que atua em movimentos sociais. Trabalhador vinculado a base Sindicato dos Empregados em Condomínio e Edifícios (Second-Ba). Integra a Unidade Popular (UP), o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) e Movimento Luta de Classes (MLB). É editor do Blog do Sonkha e, atualmente, também é colunista do jornal Conquista Repórter.