Entre duas taças no mundial e a vergonha de um Brasil arcaico

Em minha modesta visão futebolística, o craque desse mundial foi o francês Mbapé que fez mais de um gol por partida (oito) e ainda foi um guerreiro herói com três tentos na final, mas quem sempre leva os louros é o campeão, no caso o argentino Messi.
No primeiro tempo só deu a Argentina, mas no restante foi a França quem foi lá buscar o prejuízo com toda sua garra, principalmente nos pés do Mbapé. Numa análise racional, sem paixões, deveria haver duas taças onde o vice, com todos seus méritos, receberia também o seu troféu.
Muitos devem considerar isso impossível e um absurdo, mas há muito tempo, que me lembre, não vi uma final tão equilibrada onde a equipe campeã passou um sufoco danado. Outro ponto a levar em conta foram os desfalques preciosos que a França sofreu antes e durante a competição.
Ainda continuo achando que pênaltis é uma questão de sorte na hora de convertê-los. No entanto, há quem não concorde e diga que é também preparo físico e psicológico de quem vai bater. Pode até ser, mas a sorte conta muito. Os deuses do futebol são cruéis e devem ter decidido no par ou ímpar.
O maior responsável é sempre do batedor porque o goleiro não tem a obrigação de defender. Num empate tão empolgante, como foi essa Copa maluca de tantas zebras e desrespeito aos direitos humanos, joga a moeda para cima no cara e coroa!
O Mbapé é e ainda vai ser o maior fenômeno mundial do futebol por já ter sido campeão com 19 anos, em 2018, vice neste ano e artilheiro. Ele vai superar Messi, Maradona e outros craques, embora o “rei” Pelé já esteja consagrado pelos brasileiros com insuperável de todos os tempos e séculos. A mídia já cravou essa sentença.
Ainda menino, uma das Copas que me marcou foi a de 1962, no Chile, com o rei Garrinha que a imprensa nem mais fala dele porque ele se autodestruiu. Que me perdoem os admiradores de Pelé, mas para mim o Garrincha foi o melhor de todos, que jogou um futebol “moleque” e alegre com aquela suingada sem igual.
No mais, com tantas surpresas e ineditismos de uma Copa nas areias ditatoriais do Qatar do petróleo e do gás (terceiro maior do mundo), o Marrocos encantou o planeta por ter sido o primeiro país africano a conquistar o quarto lugar, superando o Brasil do Tite arcaico, que só enfrentou os pernas de paus da América do Sul.
Outro pequeno gigante foi a Croácia, com seu território menor que Sergipe. Deixou o Brasil das dancinhas e dos cabelos pintados de branco de quatro nas quartas. Acredite quem quiser, mas essa pedra já cantava há três anos quando via aquela seleção mediana em campo onde tanto valia seis como meia dúzia.
Os brasileiros, infelizmente de pouca memória, acreditaram ou se deixaram acreditar naquele futebol, o mesmo que em 2018 caiu para a Bélgica. Se afogaram na onda. Com seus gritos estridentes, o Galvão Bueno, da Rede Globo, e seus mosqueteiros intercederam para que o Tite permanecesse à frente da seleção. A CBF acatou e deu no que deu.
Sempre digo que a maioria do torcedor, inclusive com relação ao seu time, se torna cego quando se está ganhando, e ai de quem contestar! Todo erro começou em 2018 quando não se trocou de técnico. Aquelas conversas do Tite nas entrevistas coletivas nunca me convenceram. Para ele, todos eram craques insubstituíveis.
O Brasil monótono só voltará de ser campeão quando acabar essa máfia no futebol, se é que isso será possível. Jogador para ser indicado tem que ir para Europa para valorizar o seu passe e cada um levar suas comissões. Foi ridículo e covarde aquelas dancinhas diante da Coréia do Sul que ainda só aprendeu que a bola é redonda.
Quantos meninos jovens ficaram aqui? Faltou ousadia de empreender, coisa que o Tite nunca teve. Não vou aqui me atear a falar de cada jogador convocado porque não vale a pena. Com pouca exceção do Neymar que já está podre de tanto cair nos gramados, todo o outro elenco é mediano.
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Crítica cirúrgica.