Quando o ridículo se torna perigoso…

Logo após a divulgação do resultado das eleições presidenciais de 30 de outubro, anunciando a vitória de Lula, um bando de lunáticos e aloprados acamparam em frente aos quartéis e estabelecimentos militares pedindo que a Forças Armadas não reconhecessem a vontade popular e desfechassem um golpe militar, mantendo o atual presidente – Bolsonaro – na Presidência da República mesmo após ter sido derrotado nas eleições. Aqui, em nossa cidade, Vitória da Conquista, por falta de um quartel do Exército Nacional, se contentaram em instalar-se diante do Tiro de Guerra, localizado na praça Sá Barreto. No Brasil inteiro, essas ações, no mínimo, grotescas se repetiram sob a aparente indiferença dos comandos militares.
Os “acampados” eram formados basicamente por insatisfeitos com o resultado eleitoral, apelidados de “manés” pelo ministro do STF, Luiz Roberto Barroso; por pessoas incapazes de conviver com o regime democrático, por fascistas, racistas, misóginos, desajustados de todos os tipos e marginais contratados para cumprir esse vergonhoso papel. Logo, o espetáculo circense tornou-se motivo de chacotas e piadas públicas, enveredando, pelo que o saudoso Sergio Porto (Stanislaw Ponte Preta), chamou de perigoso caminho da galhofa. Além de se cobrirem com a bandeira nacional, ajoelham-se e rezam nos locais públicos, proferindo palavras desconexas aos que passam pelo local e, pasmem, começaram a espalhar verdadeiros delírios: seres extraterrestres iriam acudi-los e reverter o resultado eleitoral, prendendo Lula, os componentes do STF e os democratas em geral, que segundo eles, são comunistas disfarçados. Alucinadamente, acreditam que Lula já morreu e quem está em seu lugar é um sósia. O ainda presidente Bolsonaro vai encarnar no corpo de Lula e continuar governando. Mas, além dessas insanidades, apelam constantemente aos generais e ao próprio presidente para que desrespeitem a vontade das urnas e implantem uma ditadura. O preocupante é que o ainda presidente e alguns militares ao seu redor nunca repudiaram essas propostas ilegais e antidemocráticas. O grau de virulência, agressividade e calúnias contra o PT e Lula, contra os ministros do STF e as autoridades eleitorais atingiu índices inimagináveis rompendo com qualquer limite legal e constitucional.
As ameaças de impedir a diplomação e posse de Lula e Alkmim foram diárias e, ingenuamente, encaradas, por nós, como fanfarrices sem consequências. No dia 12 de dezembro, Lula e Alkmim, foram diplomados pelo TSE como presidente e vice-presidente legítimos, coroando uma solenidade que se tornou uma verdadeira consagração democrática.
No entanto, aqueles que juravam que impediriam a diplomação e posse dos eleitos encontraram o pretexto para desencadear atos de vandalismo e terrorismo logo, após a cerimônia. Aproveitando-se da insatisfação provocada pela prisão de um marginal de origem indígena pela polícia federal, os grupos que estavam acampados nas portas dos estabelecimentos militares, acatando as ordens de seus chefes ocultos, uniram-se ao protesto e incentivaram e participaram da baderna e vandalismo queimando carros, ônibus e acuando a população tudo sob o olhar complacente das forças policiais que só começaram a reagir quando se sentiram ameaçadas.
O vandalismo e o terrorismo explícito transformaram o centro de Brasília em verdadeira praça de guerra. Alucinados e ensandecidos destruiam e incendiavam tudo que encontravam pela frente e gritavam contra Lula, o PT e a democracia, clamando pelo golpe militar.
É fácil imaginar o estrago que essa violenta balburdia causou na imagem internacional do país. Hordas de alucinados fanáticos nas ruas promovendo depredações e vandalismos clamando por ditadura militar. A sociedade brasileira não pode aceitar que após o surto coletivo simplesmente voltem para as portas dos quartéis e continuem pregando a ruptura com a ordem democrática. A condescendência das forças policiais e de segurança de Brasília coadunam-se com o apoio descarado que o presidente Bolsonaro concede a esses grupelhos de fascistas terroristas. É evidente que não se trata de pessoas equivocadas que se manifestam de maneira ordeira e pacífica. Não podem ser encaradas apenas como lunáticos inocentes que enfrentam sol e chuva esperando que seres extraterrestres cheguem do espaço para atender suas maluquices políticas. Ao contrário, é gente perversa que não aceita a verdade democrática e a vontade popular, e, não admitem qualquer mudança em nossa estrutura social que possa atingir seus mesquinhos privilégios.
Não importa que afirmem que estão nas portas dos quartéis ordeira e pacificamente exercendo o seu direito de manifestação. Importa o que estão exigindo e fazendo: a não aceitação da vontade da maioria do povo brasileiro expressada democraticamente em eleições livres e legítimas. Querem continuar com ofensas, calúnias e fakenews buscando de qualquer forma manter a incompetência e desacertos do governo bolsonarista. E, acima de tudo, desejam uma ditadura despótica e cruel que persiga, prenda, torture e mate seus oponentes. A simples pregação dessas propostas é crime e como tal deve ser tratado.
O centro irradiador dessas tentativas está no Palácio do Planalto com data marcada para sumir ou ser preso. Mas, seus seguidores mais fiéis continuam repetindo os mesmos slogans dos arruaceiros de Brasília nas portas dos quartéis. Afirmam que é de forma ordeira e pacífica, mas continuarão pregando o desrespeito às leis e à ordem democrática e buscando impedir a posse do presidente eleito e diplomado, Lula.
A sociedade brasileira e os órgãos judiciais precisam identificar, apurar e responsabilizar os arruaceiros de Brasília. Desmontar todos os acampamentos que se manifestam nos estabelecimentos militares, inclusive o existente em Vitória da Conquista defronte ao Tiro de Guerra, porque eles são os divulgadores das intenções golpistas e ilegais.
Caso, continuemos os encarando apenas como ridículas figuras apalermadas colocaremos, perigosamente, em risco a tranquila e necessária posse do presidente Lula em janeiro de 2023.
Edwaldo Alves Silva é filiado ao PT.