Orar ou rezar não basta: ser ético, digno e educar é mais do que urgente, é crucial

(Prof. Dirlêi A Bonfim)*
Ao iniciar esse ensaio, não sei, se estou mais perplexo, com todos os ataques e as denúncias contra a Educação. Enquanto Educador, Professor, sinto-me muito triste, indignado e profundamente desrespeitado, com o atual quadro da Educação em nosso país. O Leilão de verbas públicas, do orçamento federal para a Educação, através de acordos espúrios que envolvem pastores evangélicos corruptos, deliquentes, maniqueístas, envolvidos numa série de atos criminosos de malversação do erário público, para a área da Educação, além do desserviço à sociedade, um (des)governo que se comporta através de seus agentes públicos como ladrões do dinheiro público (até aí, nenhuma novidade, no nosso triste cotidiano da sociedade brasileira infelizmente). É fato, que historicamente, uma série de crimes vem sendo cometidos em nome de “Deus”. Mas de que Deus estamos a falar…? O “Deus dinheiro”, o “Deus mercado”, o Deus das barras de ouro”…? Dos acordos entre os Ladrões e Vendilhões do Templo…??? Na verdade, o envolvimento das igrejas, templos e religiões, mas, claro de alguns dos membros e partícipes destes templos religiosos, com situações anômalas e escabrosas, nunca foram nenhuma novidade, poderíamos efetuar diversas citações. Mas, vou me ater aos fatos que envolvem o episódio do ex-ministro da Educação, esse pastor, chamado Milton Ribeiro, então, a chegada desse senhor ao MEC, já foi em condições semelhante aos seus antecessores, conservadores, reacionários, agressivos e desrespeitosos com a Educação, mas, especialmente com os seus protagonistas, Professores, Estudantes, Cientistas, Pesquisadores, enfim todos os profissionais da Educação e toda a comunidade estudantil e acadêmica. Segundo o Professor Anísio Teixeira (2007 p.65), ”Educar é crescer. E crescer é viver. Educação é, assim, vida no sentido mais autêntico da palavra”. Ou ainda: “A sabedoria é a subordinação do saber ao interesse humano e não ao próprio interesse do saber pelo saber e muito menos a interesses parciais ou de certos grupos humanos”. Vejam, como estamos atravessando uma quadra da história da sociedade brasileira, extremamente difícil, difusa e delicada, um tempo de trevas, nas condutas completamente antiéticas e criminosas de agentes públicos, pagos com o dinheiro público e roubando e desviando o dinheiro público, de forma compulsiva e contumaz. Ouro e dinheiro foi o que pediu Arilton Moura, um dos pastores envolvidos no já denominado gabinete paralelo no Ministério da Educação em troca da liberação de recursos para a construção de escolas e creches. A informação é do prefeito do município de Luís Domingues (MA), Gilberto Braga (PSDB), ao jornal O Estado de S. Paulo (22/03/2022). “Ele (Arilton) disse: “Traz um quilo de ouro para mim, que a gente resolve o seu caso…” Eu fiquei calado. “Não disse nem que sim nem que não”, afirmou Braga sobre uma conversa que teria ocorrido em abril de 2021, durante um almoço no restaurante Tia Zélia”, em Brasília, depois de uma reunião com Milton Ribeiro, ministro da Educação. Como se já não bastasse os nossos índices pífios na Educação”, o tamanho do retrocesso provocado pela pandemia da (Covid-19), ainda somos surrupiados através de uma verdadeira quadrilha montada no Ministério da Educação, com os pastores evangélicos, com a autorização do Ministro da Educação e aquiescência do Presidente da República, é uma tragédia nacional. Em qualquer país decente do mundo, o caso de crime lesa-pátria, como esse registrado no (MEC), a pena, deverá ser dura e exemplar, em alguns países a pena destinada, é a Pena Capital, ou seja, (Pena de Morte) para esse tipo de delito. O quilo do ouro valia, de acordo com a cotação desta sexta-feira (17), R$ 344 mil. “Ele disse que tinha que ver a nossa demanda, de R$ 90 milhões ou mais, tinha que dar R$ 55 mil para ele só protocolar (a demanda no MEC). E, na hora que o dinheiro já estivesse empenhado, era para dar um tanto, X. Para mim, como a minha região era área de mineração, ele pediu 1 quilo de ouro”, afirmou Braga ao (jornal O Estado de S. Paulo). A cada região o valor da propina é muito diversificado… Uma coisa é fato, sem pagar a propina aos Pastores, nada feito, não tem recurso certo no MEC, para absolutamente ninguém, ou seja, tudo está ligado a um esquema milionário liderado pelo “Ministro de Estado” da Educação e sua “Equipe”, ou melhor sua “Corja”, malfeitores do erário público, corruptos de plantão que estão dispostos a qualquer negócio, desde que a Propina/barganha, seja a Moeda de Troca. “Ele (Arilton) falou, era um papo muito aberto. O negócio estava tão normal lá que ele não pediu segredo, ele falou no meio de todo mundo. Inclusive, tinha outros prefeitos do Pará e outros Estados. Ele disse: ”Olha, para esse daqui eu já mandei tantos milhões, para outro, tantos milhões”, disse Braga. “Assim mesmo eu permaneci calado, não aceitei a proposta.” Até o momento, os recursos não chegaram ao município de Luís Domingues” e certamente não chegarão.
É válido salientar, que todos os nomes aqui citados, são nomes públicos e estão em diversas matérias de jornais e periódicos todos públicos, portanto, temos o cuidado de colocar todas as citações entre aspas… E ao mesmo tempo, está tranquilo com relação ao texto, porque toda a argumentação está alicerçada em fatos e dados públicos e de veiculação local, regional e nacional. De acordo com a coluna da Malu Gaspar, no O Globo, pastores organizavam fila para liberação de verbas no Ministério da Educação. Segundo funcionários da pasta, mesmo com as emendas liberadas pelo Congresso Nacional, os recursos demoravam para chegar às prefeituras, o que era resolvido pela intermediação de Gilmar Santos e Arilton Moura. Vistas grossas…A despeito das revelações acerca do gabinete paralelo na Educação, o senador (PL-RJ), filho do presidente, ignorou a crise e disse que o Senhor Milton Ribeiro está fazendo um trabalho “fenomenal” na educação, nesta terça-feira (22). Honestamente, gostaria de saber que trabalho é esse…??? Outra coisa, em que planeta, ou que galáxia, vive este senador da república…? É tão vergonhoso, quanto absurdo e completamente desconexo, com situação atual, com a triste realidade das Ciências e da Educação no país, que passa por uma crise avassaladora, sem parâmetros na história recente do Brasil, portanto, é no mínimo uma falta de respeito, a hipocrisia latente no discurso desse parlamentar… E ainda, complementa: “Na minha opinião, deve ser o ministro da Educação num segundo mandato do atual presidente”, disse o senador. “O ministro Milton está fazendo um trabalho fenomenal na educação, destruída por décadas de governos que atendiam militantes pedindo comunismo nas universidades.” A propósito, esse parlamentar, saber realmente o que seja, o Comunismo…? Não entrarei ainda no mérito da discussão sobre o Comunismo, como faz questão de tentar denegrir o senhor parlamentar, de forma completamente vazia e claro, sem conhecimento de causa, aqui neste Ensaio não é o propósito, o tema daria um novo texto. Para o Professor Darcy Ribeiro (1997),“A Coragem..! Uma das virtudes dos grandes Educadores, mais vale errar, se arrebentando e procurando acertar do que poupar-se para nada”. Ou ainda, vai afirmar o Professor Paulo Freire (2002), “Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo.” E mais, “Só, na verdade, quem pensa certo, mesmo que, às vezes, pense errado, é quem pode ensinar a pensar certo.” Ainda sobre “A educação, qualquer que seja ela, é sempre uma teoria do conhecimento posta em prática.” Assim, voltando às citações do parlamentar: Na verdade ele e muita gente que o segue, não se interessa nem em estudar e muito menos aprofundar às questões da Ciência Política, e outras questões mais sérias que dizem respeito à situação estanque em que se encontram a Cultura, a Educação e as Ciências neste país. Além do mais, como Professor a 30/anos, sabemos que estudar, aprofundar, ser ético, ser digno, ser honesto, para essa gente, é pedir demais, certamente tais procedimentos não fazem parte da conduta destes senhores… Assim, com o vazamento dos áudios do ministro, já se teria elementos mais do que suficiente, para solicitação de prisão permanente dele, ex-ministro e todos os seus assessores, bem como, de todos os pastores evangélicos, que formam essa quadrilha organizada (organizações criminosas), dentro do MEC. Os tais “pastores” Arilton Moura e Gilmar dos Santos, a pedido do senhor presidente da república. Ambos não têm cargo no Ministério da Educação como afirmara o ex-ministro, mas, atuavam em um esquema informal de obtenção de verbas. E, tinham um gabinete paralelo, por onde passavam todos os esquemas de propinas, com os interessados nos recursos do FNDE (Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação), órgão responsável pela execução da maioria das ações e programas da Educação Básica do nosso País, como a alimentação e o transporte escolar, além de atuar também na Educação Profissional e Tecnológica e no Ensino Superior. “O fundo tem uma força muito grande porque executa tudo o que o Ministério da Educação (MEC) administra e controla um fundo com orçamento de meio bilhão de reais, é válido registrar, que essa não é a primeira vez que o FNDE está no centro de uma polêmica neste governo. Em 2019, quando Ricardo Velez era ministro da Educação, o fundo anunciou que realizaria um pregão eletrônico para a compra de “equipamentos de tecnologia educacional para a rede pública de ensino”. Seriam comprados 1,3 milhão de computadores, notebooks e laptops. Portanto, o histórico dos ex-ministros da pasta da Educação no atual governo é um desastre total. Dentre outras coisas, além das ações criminosas, o ex-ministro da Educação, será lembrado: O Enem 2020 ficou marcado como a edição com mais ausentes da história do exame. Ao todo, houve 55% de abstenção. Na época, Ribeiro afirmou que o número alto de ausentes era culpa da imprensa. O Enem 2021 terminou com a menor participação em mais de uma década. Em entrevista coletiva na ocasião, Milton Ribeiro culpou professores da rede pública pela queda no número de participantes dessas escolas. O ex-ministro ficará lembrado por defender a implantação de pautas de “bons costumes” tão defendidas pelo atual governo e a sequência de discussões inócuas sobre as questões ideológicas, como satanizar os Professores/Educadores, como Anísio Teixeira, Darcy Ribeiro e Paulo Freire, além de cortar em mais de 60%, as verbas para as Ciências, Pesquisas Científicas e cortar os orçamentos das Universidades Públicas, criando sérios problemas, de ordem diversa, no Ensino Superior e para os Programas de Pesquisas Científicas de todo Brasil, uma tragédia sem precedentes, na Educação do país. Ribeiro também será recordado por ter reforçado equivocadamente que estudantes com deficiência “atrapalham” a aprendizagem dos demais alunos das escolas regulares. Outra lembrança da gestão de Milton Ribeiro no MEC é ele ter dito que homossexuais seriam frutos de famílias desajustadas. No final de 2020, Ribeiro confundiu o SiSU com o ProUni, causando confusão entre os estudantes. Portanto, não basta rezar, educar com ética, competência, aptidão, dedicação, abnegação e consciência, é mais do que necessário é crucial. Educação, Ética e Ciência, simplesmente fundamental.
**contribuição do Professor DsC. Dirlêi A Bonfim, Doutor em Desenvolvimento Econômico e Ambiental, Professor de Sociologia da SEC/BA**E no Curso/Plano de Formação Continuada SEC/IAT/BA.*06/2022.1**