Uma reforma escravagista

Quando o governo Temer (o mordomo de Drácula), há cinco anos, com o lobby dos empresários e apoio do Congresso Nacional, implantou a maldita Reforma Trabalhista logo disseram que iria aumentar os empregos, e o país tomaria o rumo do desenvolvimento social e econômico. Quando o setor empresarial aplaude, coisa boa não é.
Passado esse tempo, nada disso aconteceu, muito pelo contrário, o que houve foi uma volta à escravidão do trabalhador brasileiro onde não existe mais negociação, e quem manda é o patrão. O operário se cala porque não tem outra alternativa. Na verdade, criaram uma reforma escravagista.
Confesso que eu já sabia disso, porque, na época, o capital, advogados, juristas e até mesmo a Justiça Trabalhista, com algumas exceções, foram unânimes e, somente os sindicatos fizeram algumas manifestações contrárias. Hoje está aí a realidade, nua e crua de uma nova escravidão.
Inventaram o trabalho intermitente, cortaram benefícios da CLT, podaram a ação dos sindicatos nos acordos, expandiram a terceirização para todas as atividades, justamente num país de mais de treze milhões de desempregados e com uma das maiores informalidades do mundo. Deu no que deu!
De lá para cá, a situação só fez piorar, e não me venham com essa de que a culpa foi da pandemia! Sem poder de barganha diante dos empregadores, os operários tiveram que baixar a cabeça para não entrarem na lista dos mais de 50 milhões de famintos e em condições subalimentar.
Hoje, o cidadão aceita qualquer valor irrisório, sem carteira assinada e outros benefícios que teria, para não ficar no olho da rua pedindo esmolas, ou até mesmo furtando em feiras e supermercados. Os sindicatos foram quase todos enfraquecidos, e o postulante ao emprego aceita qualquer coisa, como o subemprego. Isso não é escravidão?
Agora, está do jeito que os capitalistas queriam, só que eles são imediatistas e têm uma visão atrasada. Se existe menos emprego e o cara tem seu salário reduzido, fatalmente cai o poder de consumo e a economia não cresce, conforme está ocorrendo. Nesse ciclo de horror, o industrial corta sua produção, e os setores comercial e de serviço faturam menos.
De acordo com pesquisas dos institutos do IBGE, Fundação Getúlio Vargas, Dieese e outros, nos últimos anos da Reforma Trabalhista para cá, o rendimento do trabalhador caiu quase 9% e aumentou a informalidade. Na quase sua totalidade, os chamados “colaboradores” do capital não tiveram reajustes salarias numa inflação superior a 10%. Isso não é uma calamidade, uma escravidão?
Somando subemprego ou subutilizados (27 milhões) onde as pessoas poderiam trabalhar mais, desempregados (12 milhões), desalentados (4,7 milhões) e outras espécies, temos no pais mais de 50 milhões sem ocupação, uma legião de desesperados. Foi tudo isso que a Reforma Trabalhista gerou da sua barriga fétida neoliberalista burguesa.
Diante de tudo isso, o endividamento das famílias atingiu o índice de mais de 77%. Quem se atreve hoje entrar no gabinete do chefe para pedir um aumento salarial por merecimento? Ele pode correr o risco de ser demitido sumariamente. Já se foi o tempo em que se fazia isso e saia de lá com alguma coisa a mais. O cara tem que comer a gororoba calado! Isso não é escravidão?
Milhões hoje trabalham sem carteira assinada, ou com valores abaixo do mínimo, que não correspondem ao que eles deviam receber no final de cada mês. Labutam dia e noite em péssimas condições, sofrendo assédio moral e sexual. Engolem tudo isso porque precisam da merreca para levar um pouco de pão para suas famílias. Aliás, comem o pão que o diabo amassou!
Os empregados hoje não podem reclamar e nem dar uma queixa no Ministério do Trabalho ou na Justiça Trabalhista, pois temem ser botados para fora, porque existem milhões batendo a porta para aceitar a miséria salarial. As filas por emprego são quilométricas. Isso é, ou não é escravidão trabalhista? Essa Reforma não é boa para ninguém, nem para o ganancioso e selvagem capitalismo mundano e nem para o país. É uma vergonha para a nação.
Trabalho escravo não é somente os registrados em fazendas, empresas de construção civil, carvoarias e outros serviços onde se encontram pessoas vivendo em estado degradante, sem o direito de ir e vir, comendo rações limitadas sem nada receber no final do mês. Isso também que está aí nesse mercado é escravagismo.