Por que pequei

Padre Carlos
Todos nós cometemos erros. Um dos maiores que podemos cometer é acreditar que não os cometemos. Se entendermos isso, teremos condições de reconhecer quando erramos e não cometermos os mesmos desacertos e equívocos políticos que tanto nos custaram.
Um dos vários que temos que admitir é que nunca assumimos, uma briga frontal contra os meios de comunicação antinacionais e antipopulares, em especial a Rede Globo. Sequer construímos paralelamente nossas redes alternativas de comunicação. A Constituição prevê, em seu Artigo 220, a mais ampla liberdade de expressão de pensamento, que defendemos ferrenhamente. Agora, o mesmo item que trata da comunicação social, proíbe a existência de oligopólios e monopólios na comunicação. Nós deveríamos ter insistindo para regulamentar [de acordo com] a Constituição no que diz respeito a esses artigos. Considero essa uma das mais importantes reformas que deixamos de fazer, ao lado da reforma política.
Na verdade, nossa tática foi a da conciliação de classe sem construção de retaguardas. Havia a crença de que era possível estabelecer um pacto social com a burguesia para um processo lento, gradual e seguro de mudanças sociais que, em médio prazo, nos levariam à construção do tão sonhado estado de bem-estar social à brasileira.
Perdemos uma geração inteira, durante os nossos governos, formamos burocratas longe da luta populares, ao viés de forjar militantes da transformação social. Fomos responsáveis por não politizar nossa juventude e nem organizamos suficientemente o povo. Eu sou de uma geração que formar quadros nos movimentos sociais, aptos a governar não deixa de ter grande importância para a luta popular.
Onde estão o povo que foram beneficiados com as mudanças que fizemos? Não tivemos capacidade de organizar a massa beneficiada por nossos programas sociais. Quem dera, tivéssemos organizados e politizados, a partir do Bolsa Família; Minha Casa Minha Vida; Prouni; Mais Médicos; etc.… Se isso tivesse sido feito, a direita não conseguiria dar nenhum golpe. Na verdade, não tínhamos povo organizado para defender o legado das políticas públicas. Mas, apesar de todos estes erros, a habilmente manejada pelo presidente Lula, garantia um pacto social que equilibrava as forças sociais e garantia uma vida melhor para todos. O que não entendíamos, é que Lula não é eterno e que a direita poderia destruí-lo, como vem tentando.
Fomos facilmente derrotados por uma coalizão que ajudamos a unificar. É claro que não podemos cometer os erros dos nossos governos passados. Sabem que não se governa sem conseguir deslocar uma parte da elite política e econômica. Nós que enchemos o peito pra dizer que o próximo governo do PT ( Lula ), tem que fazer as reformas que não fizemos nos quatorze anos, temos certeza de que a correlação de forças da sociedade, só permitirá isso se formos todos para a rua.
Essa é a grande lição para o próximo governo Lula!