As diferenças entre refugiados e umser humano discriminatório

Numa guerra, a maior vítima é a verdade, conforme já se pronunciou um certo historiador, mas o que pretendo falar mesmo é sobre o tratamento dado entre refugiados de etnias diferentes, no caso os ucranianos em fuga de uma guerra sob invasão da Rússia, e o povo árabe, como iraquianos, afeganistões, sírios e africanos quando também foram vítimas de perseguições. Estes últimos foram isolados em campos de concentrações.
Os sofrimentos e as angústias interiores em uma guerra são os mesmos, mas destaco aqui as diferenças entre refugiados, e como o ser humano é discriminatório e racista quando se trata de etnias ditas inferiores e consideradas eixo do mal, como disse, certa vez, o presidente Busch, dos Estados Unidos. Por estar envolvida diretamente em cobrir os fatos do dia-a-dia, a mídia não chegou a mostrar esses dois lados cruéis.
As imagens mostram os refugiados ucranianos saindo de carros, ônibus ou trens, arrastando malas chiques, bem vestidos e sendo recebidos pelas estradas e fronteiras com doações de alimentos, água e provimentos necessários para continuarem suas jornadas. Nos países limítrofes são bem recebidos, e seus líderes já se pronunciaram que as portas estão abertas. Não há barreiras.
Agora, alguém aí lembra da precária situação dos refugiados sírios, afegãos, iraquianos e africanos do norte do continente se retirando das guerras e da fome, por terra e por mar? Com suas mochilas e trouxas (muitos nem sem isso), eles vagavam maltrapilhos e esfarrapados pelo deserto até os campos de concentração de cercas de arame farpado, na Turquia e nas ilhas gregas.
Milhares se aventuraram por campos e montanhas perigosos até as fronteiras de países europeus, principalmente do leste oriental onde foram expulsos brutalmente à força, com tiros e gás lacrimogênio. Com raras exceções, como na Alemanha de Ângela Merkel, no popular, esses refugiados árabes foram recebidos com um pé na bunda, como na Hungria e na Polônia que construíram muralhas e cercas elétricas com arames.
Por questões puramente étnicas, diziam que eles eram assassinos, ladrões, gente ruim e até terroristas, que iriam impactar o ambiente social e comportamental de suas populações. Na verdade, eram vistos pelos Estados Unidos e pela Europa como perigosos e baderneiros. Muitos morreram no meio do caminho, a grande maioria afogados no mar quando tentavam chegar ao litoral europeu.
Basta de tanta hipocrisia e falsidade! No momento atual, no caso da Ucrânia (não vou aqui entrar no mérito da invasão russa), os negros e pessoas de cor que moram naquele país oriental estão sendo barradas nos transportes e nas fronteiras. Somente os brancos estão tendo acesso e recebem abrigos “confortáveis” se comparados com os campos de concentração oferecidos aos refugiados árabes e africanos. São imagens que mostram o outro lado podre da moeda.
A discriminação racial e étnica está em toda parte, e isso é uma mancha ou nódoa, impregnadas na pele das pessoas, desde o início da humanidade. Está na história dos povos. Os ucranianos, desde que brancos de olhos azuis, são tipos de refugiados bem-vindos, ao contrário das etnias árabes e africanas que foram pisoteados e escorraçados como animais ferozes.
Quanto a invasão em si, a Rússia e pais algum têm o direito de violentar a soberania de outra nação, com justificativas históricas que não convencem. A Rússia carrega o DNA de ser império desde os tempos dos czares. Vlademir Putin incorporou o espírito de Stalin. O mesmo vale para Estados Unidos que não têm nenhuma moral de simplesmente condenar os russos.
A história está recheada de violações dos norte-americanos nos países da América Latina, para implantar suas ditaduras, nas Filipinas onde praticaram um verdadeiro massacre e, mais recentemente, no Iraque e no Afeganistão. Sempre expandiram seu poderio militar para impor seus regimes e tirar proveito econômico, roubando as riquezas dos outros.