Centrão tinha ao menos 378 cargos mesmo votando contra pautas do governo

Decisão surge após derrubada da MP 1.303/25, que garantiria mais recursos ao governo federal ao taxar os mais ricos
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva cumpriu sua promessa e “meteu a faca”, conforme avisou mais cedo o líder no Congresso, José Guimarães (PT-CE). Uma série de indicações do Centrão a cargos de segundo escalão do Executivo foi exonerada, informou o site Correio Braziliense nesta segunda-feira (13).
A decisão vem após o Centrão na Câmara e a extrema direita sabotarem, na última semana, a votação de uma medida provisória (MP) tributária do governo do presidente Lula, em meio às discussões sobre o equilíbrio das contas públicas com a aprovação da ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda (IR), pela própria Câmara e de forma unânime. Uma das figuras centrais na derrubada da MP, que, na realidade foi retirada de pauta, foi o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
De acordo com a reportagem, os cortes atingem o PP, presidido pelo senador Ciro Nogueira (PI), o PSD, liderado por Gilberto Kassab, além de nomes do União Brasil e do MDB.
As demissões, de acordo com o portal G1, já alcançaram até agora:
Caixa Econômica Federal;
Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf);
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan);
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit);
Superintendências no Ministério da Agricultura.
Uma série de deputados da bancada governista defenderam a expulsão de membros do Centrão do governo após a MP caducar. Enquanto isso, a equipe econômica do governo Lula avalia quais medidas irá tomar para compensar a renúncia fiscal gerada pela isenção do IR para quem ganha até 5 mil reais por mês e pela derrubada de uma MP anterior, que aumentaria o Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF).
Contudo, os bolsonaristas seguem firmes em seus esforços para barrar qualquer iniciativa arrecadatória do governo Lula, afirmando serem contra o aumento de impostos, inclusive para os super-ricos.
1 – União Brasil – 119 cargos
Os cargos estão divididos entre 26 ministérios. Além da Integração Regional, ministério indicado pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), estão no topo dos cargos a Presidência, a AGU (Advocacia-Geral da União), e os Ministérios dos Transportes e dos Povos Indígenas (chefes de divisões da Funai).
Os principais órgãos são:
Integração Regional – 18 cargos
Presidência – 10
AGU – 9
Transportes – 6
Povos Indígenas – 6
2 – MDB – 112 cargos
Transportes- 15
Saúde – 11
Gestão e Inovação – 8
Minas e Energia – 7
Presidência – 6
3 – PSD – 63 cargos
A maioria está nos ministérios da Agricultura e da Pesca, comandados pelo partido.
Agricultura – 17
Pesca – 17
Saúde – 5
Integração – 5
Povos Indígenas – 4
4 – PP – 48 cargos
Há sete comissionados no Ministério dos Esportes, ocupado por André Fufuca (PP-MA).
Esporte – 7
AGU – 6
Saúde – 5
Integração – 5
Gestão e Inovação – 4
5 – Republicanos – 36 cargos
O partido tem mais filiados em cargos comissionados no Ministério da Integração do que no Ministério de Portos e Aeroportos, ocupado por Silvio Costa Filho (Republicanos-PE).
Integração – 5
Povos Indígenas – 4
Transportes – 4
Portos e Aeroportos – 3
Agricultura – 3
A evolução no número de indicados políticos
Dos partidos acima, o PSD é o único que tem mais filiados em cargos comissionados agora, em relação ao início do governo, quando ainda permaneciam os nomeados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Cargos comissionados ocupados no governo
No caso de PP, União Brasil e Republicanos, a quantidade de filiados passou a crescer à medida em que o governo foi fazendo acenos ao Centrão em busca da aprovação de pautas importantes.
Contribuíram para isso as nomeações dos seguintes ministros:
Celso Sabino (União-PA) no Turismo;
André Fufuca (PP-MA) nos Esportes;
Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) em Portos e Aeroportos.
Veja a lista com os cargos de cada um dos partidos nos ministérios em agosto de 2025 (última data disponível)
Cargos de confiança ocupados por filiados a partidos
Metodologia
O levantamento contabilizou os filiados partidários nos seguintes cargos comissionados: CA, CAS, CCX, CCD, CCT, CCE, CGE e cargos de natureza especial.
Além disso, foram também considerados filiados em que o texto “cargo em comissão” constava da função ocupada.