Após vitória na isenção do IR, governo Lula mira agenda de alcance popular; veja as prioridades
VÍDEO: Zema amplia histórico de gafes ao propor medida já existente no Bolsa Família

segue expondo desconhecimentos sobre Minas Gerais, estatísticas de programas sociais e a cultura do próprio estado e país
Os deslizes do governador Romeu Zema (Novo) já se tornaram recorrentes a cada nova declaração. De olho na eleição presidencial de 2026, o governador tenta ganhar espaço entre os órfãos do bolsonarismo, justamente no momento em que a base da extrema direita começa a ruir diante da iminente condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o tarifaço de Donald Trump.
Nesta segunda (18), o governador minimizou os ataques feitos por Carlos Bolsonaro (PL) aos governadores alinhados à extrema direita — o filho 02 de Bolsonaro chegou a chamá-los de “ratos”. Durante uma entrevista coletiva em Contagem (MG), Zema disse ter ficado “surpreendido” com os insultos, mas tentou diminuir a gravidade da situação, dizendo que “até marido e mulher divergem”. Apesar da implosão do bolsonarismo, ele também tem conseguido articular e aprovar medidas impopulares que favorecem seus próprios interesses, como o aumento do próprio salário e o aumento de benefícios fiscais a empresários, e segue cometendo gafes em entrevistas.
À BBC News Brasil na última sexta-feira (15), o governador se enrolou e expôs seu desconhecimento sobre o funcionamento do principal programa social do país ao defender um mecanismo que já existe no Bolsa Família. Questionado sobre o incentivo para que beneficiários mantenham o auxílio mesmo após conseguirem emprego, Zema afirmou: “não sei exatamente” como funciona o modelo atual e sugeriu que os beneficiários continuem recebendo por “um ano” para evitar a troca “do certo pelo incerto”. A repórter, então, esclareceu que esse dispositivo já está previsto desde 2023 na chamada regra de proteção, que garante o pagamento de 50% do benefício por até 12 meses após o aumento de renda.
Mesmo assim, o governador insistiu que o programa não promove autonomia e afirmou, sem provas, que muitas pessoas estariam recebendo o Bolsa Família “há 20 ou 25 anos”, como mostra esse vídeo:
🚨 ATENÇÃO: em entrevista para a BBC, Zema paga mico e apresenta proposta que já existe para o Bolsa Família: "não sei exatamente (como funciona)". pic.twitter.com/TBWSuW5JqB
— Análise Política 2 (@analise2025) August 19, 2025
Não é a primeira vez que Zema comete grandes deslizes, o chefe do Executivo coleciona uma série de declarações polêmicas e indignantes, que repercutem negativamente tanto na imprensa quanto nas redes sociais, causando desconforto inclusive entre os próprios mineiros. Diante disso, a Fórum reúne, a seguir, algumas das falas mais controversas do governador:
Falas xenófobas e separatistas
Em entrevista ao jornal Estadão, o governador sugeriu a criação de uma frente do Sul e Sudeste contra o Nordeste, comparando as regiões Norte e Nordeste a uma “vaquinha que produz pouco”. A declaração, considerada xenofóbica e separatista, provocou indignação e rejeição generalizada, com críticas de políticos de esquerda, centro e direita nas redes sociais.
Em junho, durante encontro de governadores em Belo Horizonte, Zema afirmou que no Sudeste e Sul “há uma proporção muito maior de pessoas trabalhando do que vivendo de auxílio emergencial”. No entanto, dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostram que, na maioria dos estados, o número de trabalhadores com carteira assinada já supera o de beneficiários do auxílio.
Adélia Prado
Em Divinópolis, Minas Gerais, o governador Zema causou surpresa ao receber um livro de Adélia Prado em uma rádio local e perguntar: “Ela trabalha aqui?”. O caso foi em 2023. Reconhecida nacionalmente, Prado tem mais de 20 títulos publicados e acumula diversos prêmios literários. Em fevereiro deste ano, o governador perdeu novamente a chance de mostrar apreço pela cultura local. Ele não compareceu à cerimônia do prêmio Camões que reconheceu Adélia Prado.
Uso indevido e fora de contexto da música de Renato Russo
Zema ainda foi alvo de notificação extrajudicial da banda Legião Urbana após utilizar a música Que País é Este em evento de lançamento da pré-campanha à presidência da República nesta segunda-feira (18). A banda aponta que o uso ocorreu em publicação na conta oficial do governador no Instagram, sem permissão prévia e mesmo que tivesse permissão, não permitiria a reprodução da música do pai.
Apologia à escravidão
Em fevereiro de 2022, um vídeo em que o governador Romeu Zema afirmava que, nos vales do Mucuri e do Jequitinhonha, “se contrata uma empregada doméstica por 300 reais por mês” provocou indignação em todo o estado, sendo visto como uma explícita apologia ao trabalho análogo à escravidão.
Chamou inconfindência de “golpe”
Durante o feriado de Tiradentes, em 21 de abril deste ano, o governo de Minas Gerais descreveu a Inconfidência Mineira como um “golpe” em publicação oficial, afirmando que os conspiradores não admitiram os crimes. Segundo o texto, apenas Joaquim José da Silva Xavier se declarou culpado, sendo punido com a pena máxima e imortalizado como Mártir Tiradentes.
Apoio aberto ao fascismo
No dia 1 de julho de 2023, depois que Bolsonaro se tornou inelegível, Zema publicou nas redes sociais do Instagram, em seu story, uma frase de Benito Mussolini, ditador italiano e líder do fascismo: “Fomos os primeiros a afirmar que, quanto mais complexa se torna a civilização, mais se deve restringir a liberdade do individuo. Benito Mussolini”.

Exaltou São Paulo e diminuiu Minas
Em 29 de abril, durante evento com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, Romeu Zema criticou as rodovias de Minas Gerais, afirmando que sente que vai “do inferno ao paraíso” ao sair do estado rumo a São Paulo. Ele também admitiu que “sempre sentiu vergonha” das estradas mineiras.
A declaração repercutiu negativamente entre políticos e internautas, que apontaram à époa a fala como uma fuga de responsabilidade do próprio governador. Atualmente, Minas Gerais conta com a maior malha rodoviária do país, mas muitas vias estão em situação crítica, consequência do descaso do governo nos últimos anos.
Enquanto se envolve em gafes que viralizam, o governador aprova ações que geram retrocessos e prejuízos para os mineiros. Entre as medidas adotadas no primeiro semestre, destacam-se o aumento de 300% no próprio salário, isenções fiscais bilionárias para doadores e aliados, expansão de benefícios fiscais para empresários próximos, construção de estrada particular da família Zema, criação de novas secretarias, aumento do gasto com publicidade e a nomeação de 18 ex-candidatos do Novo para cargos públicos. O governo ainda estuda a criação de uma segunda vice-presidência no BDMG, com objetivo de nomear o ex-secretário Igor Eto.