Ouro na Hilux: o que já se sabe sobre apreensão histórica de 103 kg de ouro em Roraima
Empresário de Rondônia foi preso em flagrante em Boa Vista com carga avaliada em R$ 61 milhões
Uma abordagem de rotina da Polícia Rodoviária Federal (PRF) resultou em uma das maiores apreensões de ouro da história do Brasil. No último dia 4 de agosto, os agentes encontraram 103 kg do minério escondidos em compartimentos secretos de uma caminhonete Toyota Hilux, durante fiscalização na ponte dos Macuxis, em Boa Vista (RR). O motorista do veículo, o empresário Bruno Mendes de Jesus, de 30 anos, foi preso em flagrante. A informação foi publicada pelo portal g1.
Avaliada em mais de R$ 61 milhões, a carga foi descoberta após os policiais identificarem sinais de nervosismo no condutor e inconsistências na documentação apresentada. A inspeção minuciosa no carro revelou que partes do painel haviam sido adulteradas, escondendo 145 barras grandes e outras 60 pequenas de ouro, além de pedras soltas do minério. O material e o veículo foram encaminhados à sede da Polícia Federal.Empresário discreto, casado com blogueira
Natural de Rondônia, Bruno é proprietário de uma loja de roupas e acessórios em Porto Velho. Discreto nas redes sociais, é casado com uma influenciadora digital da região e pai de um bebê de nove meses.
No momento da abordagem, tanto a esposa quanto a criança estavam no carro com ele.A defesa do empresário afirmou que ele é um “trabalhador do setor mineral”, além de ser réu primário e “único provedor familiar”. No momento da abordagem, Bruno disse aos policiais que atuava como fiscal de obras e que havia saído de Manaus para inspecionar uma construção. Questionado, não soube informar o endereço ou nome da obra e, ao chegar à Polícia Federal, preferiu permanecer em silêncio.Origem do ouro ainda é desconhecida
A investigação busca agora esclarecer de onde veio o ouro e qual era o seu destino. Bruno trafegava pela BR-401 em direção a Boa Vista e alegou ter saído de Manaus, no Amazonas. A Justiça autorizou a quebra de sigilo telefônico do suspeito, permitindo à Polícia Federal aprofundar as diligências. A carga será submetida a perícia para identificar a origem do minério. O caso tramita na 4ª Vara Federal Criminal de Roraima.
Indícios de crime organizado
Bruno foi autuado pelos crimes de extração ilegal de minério e usurpação de bens da União, ambos previstos na legislação ambiental e penal brasileira. A Justiça Federal converteu a prisão em flagrante para preventiva. Na decisão, o juiz Victor Oliveira de Queiroz destacou a gravidade do caso e a necessidade de garantir a ordem pública.
“Trata-se da maior apreensão de ouro em mais de dois anos no Estado de Roraima – 103 kg, com valor estimado em 60 milhões de reais. A expressividade da lesão ao patrimônio federal demonstra a gravidade concreta da conduta praticada pelo custodiado, a impor ao Poder Judiciário o dever de resguardar a ordem pública, através da decretação da prisão preventiva”, afirmou o magistrado.
O juiz também apontou suspeitas de ligação com organizações criminosas: “O transporte clandestino do minério, com características de sofisticada ocultação, sugere atuação articulada, típica do crime organizado”, escreveu.Caminhonete era de empresa do Amazonas
O veículo utilizado por Bruno para o transporte do ouro não está registrado em seu nome. A Hilux 2024 pertence à empresa AJL Transportes, sediada em Manaus, que atua na construção civil e infraestrutura urbana.
Segundo a Receita Federal, a empresa está ativa desde 2000 e tem como sócio-administrador Marcos Roberto Souza da Silva. Até o momento, nem a empresa nem seus representantes se manifestaram sobre a relação com o caso.Em Roraima, até então, a maior apreensão de ouro havia ocorrido em junho de 2024, quando 21 kg do minério foram interceptados.
A operação mais recente superou em quase cinco vezes essa marca, acendendo alerta para o tráfico ilegal de riquezas minerais na região Norte.
