Prefeitura organiza prioridade de atendimento para o Programa Federal ” Minha Casa, Minha Vida”)
Concordo com a prefeita Sheila… em um ponto

Não concordo com a maioria das ideias, propostas e ações políticas e administrativas da prefeita Sheila Lemos no comando do governo municipal. Entendo que a sua gestão, que se encerrará em dezembro de 2024, não contribuiu para fazer o município se desenvolver e muito menos para melhorar a vida da população mais pobre e abandonada de Conquista. Mas, procuro compreender as limitações e insuficiências de quem não estava preparada e nem esperando receber tão grandes e complexas responsabilidades. Ortega y Gasset afirmou que “eu sou eu e minhas circunstâncias”, máxima que pode ser aplicada à vida política da atual prefeita. Nascida em berço de ouro, fruto do trabalho e esforços dos seus pais, nunca olhou ou se interessou pela base da pirâmide social, pelos trabalhadores e trabalhadoras, pelos povos da periferia, pelos sem terra e sem teto, pelos pobres e deserdados, pelos humilhados e ofendidos pelo racismo, pelo machismo e muitas outras formas de preconceitos e discriminação. O gestor público precisa compreender, minimamente, que a imensa maioria do povo brasileiro sofre até hoje pela formação histórica escravagista e colonial do Brasil. Seria exigir demais que a prefeita, que nunca passou por dificuldades econômicas e materiais e nem precisou encostar a barriga no balcão da loja, adquirisse a compreensão social e humanista que todo líder político deve abraçar.
Mas, além da formação (ou falta dela) de Sheila Lemos outras circunstâncias dificultam que ela enfrente com sucesso a responsabilidade de governar a terceira maior cidade da Bahia. Ao final do primeiro mandato de Herzem Gusmão (2017-2020), a formação da chapa majoritária para a sucessão provocou enorme briga porque muitos queriam o ambicionado cargo de vice, já que era visível que dificilmente a então vice-prefeita pleitearia a reeleição. No auge da disputa, o falecido prefeito encerrou o assunto afirmando que a candidatura a vice-prefeito/a seria a dona Irma ou quem ela indicasse. Abaixou imediatamente a temperatura no arraial direitista. A então vice-prefeita, como boa mãe que sempre foi, indicou e bancou a filha, Sheila Lemos. Não se esgotaram ai as circunstâncias: vencidas as eleições em um estranho segundo turno, o prefeito eleito morre e cabe à vice-prefeita eleita assumir o governo completamente despreparada e insegura.
Devemos estar sempre prontos para as surpresas que o destino nos prega. Principalmente na vida política e social. Julgo que naquele momento a comoção provocada pela fatalidade criou a possibilidade real de unir a cidade, superar as divergências pós-eleitorais, entender os interesses de Vitória da Conquista e seu povo e propor a unidade de todos, formatando um programa político-administrativo acima das questões ideológicas e querelas partidárias. Sei perfeitamente que a proposta de desprendimento político é visto sempre como um delírio ou no mínimo como um sonho irrealizável. Entretanto, ao líder político cabe não ficar preso às dificuldades ou mesmo render-se ao sentimento geral de impossibilidade. É preciso a coragem de propor e fazer o que julga ser certo em uma situação concreta.
A tênue possibilidade de fazer o certo e unir a cidade não se tornou realidade porque faltou experiência e grandeza política à prefeita recém-empossada que se deixou envolver pelas questiúnculas internas, pelas vaidades pessoais e a tentativa (frustrada) de se firmar politicamente.
Os fatos daquele momento me recordaram, guardando-se as devidas e necessárias proporções temporais e espaciais, o difícil período histórico da doença que impediu Tancredo Neves de assumir a presidência da República e que o levou à morte. A necessidade de varrer a nefasta ditadura militar e garantir governabilidade para atingir a democracia superou profundas divergências políticas e ideológicas. Esse processo permitiu eliminar os “entulhos autoritários”, convocar a Assembleia Constituinte que originou a Constituição Federal de 1988, instituir o Estado de Direito e realizar eleições diretas e democráticas em todos os níveis. Infelizmente, faltou apurar e punir severamente os crimes e desmandos cometidos no período ditatorial.
Atualmente a administração Sheila segue sem rumo e sem ações positivas para desenvolver o município, melhorar as condições de vida dos mais pobres e atender os requisitos básicos em serviços públicos que é obrigação da prefeitura prestar: saúde, educação, assistência social, manutenção da cidade, desenvolvimento sustentável que gere emprego e renda, atenção à agricultura familiar e ao interior, competência e transparência e desenvolvimento de políticas públicas de combate ao racismo, a misoginia e todas as formas de preconceitos e discriminações.
Sua diretriz política de governo resume-se em atender às camadas privilegiadas e satisfeitas do município, e ao mesmo tempo, endividar a administração municipal com operações de créditos bancárias que tragam recursos para a execução de obras eleitoreiras.
Em um ponto concordo inteiramente com a prefeita ao prever que as eleições de 2024 serão decididas entre o grupo dela e as forças políticas e sociais unidas na Frente Conquista União e Reconstrução. Não creio que ela adote essa perspectiva com base em seu eventual prestígio e força eleitoral, mas ela acredita no poder da máquina e no uso oportunista do poder político. Contará com um orçamento superior 1.8 bilhão de reais, um grande número de funcionários contratados, centenas de cargos comissionados, dinheiro emprestado para atender vereadores e candidatos amarrados com a sua candidatura. A aparentemente inócua implantação do turnão não significará nenhuma economia para os cofres públicos mas começa a revelar a sua verdadeira intenção: propiciar aos cargos de confiança fazer campanha eleitoral em qualquer momento sem correr o risco de realiza-la no horário de trabalho o que é vedado por lei.
Alguns almejam o que entendem como terceira via, buscando caminhos que julgam alternativos. Mas, essa proposta só pode ser factível e concreta se fundamentar-se em um programa político-administrativo para o município, claro, transparente e elaborado com efetiva participação popular. Até agora, pelo menos, não foi divulgado nenhum. Provavelmente teremos outros candidatos ou candidatas ao cargo majoritário em 2024, mas independentemente da posição que ocupem em pesquisas de hoje, sejam sérias ou fraudulentas, o processo eleitoral provavelmente confirmará que a atual prefeita e o deputado federal Waldenor Pereira serão eleitoralmente os dois mais fortes concorrentes.
É muito grande a diferença entre as propostas de Waldenor Pereira da Frente Conquista União e Reconstrução e as da prefeita que procura aliar-se às viúvas do bolsonarismo que ainda não foram presas pela tentativa de golpe, depredações e terrorismo que cometeram contra o Brasil no dia 08 de janeiro. A Federação (PT, PCdoB e PV), o PSB, outros partidos e movimentos sociais e representativos elegeram como prioridade buscar a participação de todos, conhecer a cidade e seus problemas como forma de possibilitar a elaboração de soluções e propostas que resolvam ou amenizem as graves questões que afligem o nosso povo. Não acreditamos em donos da verdade e nem em soluções milagrosas mas acreditamos na união, nas análises e deduções coletivas, na busca permanente de diálogo, compreensão e tolerância recíproca para somar todos em favor da nossa cidade.
Treze grupos de trabalho e estudos, abrangendo todos os itens da administração municipal, foram formados e já estão estão em plena atividade. Alguns seminários temáticos foram realizados e tornaram-se valiosos instrumentos de análise da realidade política e socioeconômica de Vitória da Conquista.
Ainda é cedo para definir todos os rumos do processo eleitoral municipal em 2024, no entanto, já está formada a disputa entre a atual prefeita despreparada, inexperiente que nada aprendeu nesses três anos no cargo e do outro lado o experiente ex-reitor da UESB, candidato mais votado na cidade nas últimas eleições, que, mesmo com a sua enorme experiência e bagagem, ainda busca soluções e propostas no saber e no conhecimento coletivo.
Estou convencido que essa diferença definirá a vitória de Waldenor Pereira nas eleições municipais de 2024.
Edwaldo Alves Silva é filiado ao PT>