Hamas x Israel: Gaza a maior tragédia humanitária da atualidade

(Prof. Dirlêi A Bonfim)*
No último sábado, 07 de outubro de 2023, o mundo foi surpreendido por um ataque do grupo Hamas ao Estado de Israel, por terra, mar e ar. O grupo atirou e matou quem encontrou pela frente, incluindo mulheres, crianças e idosos. Em uma única festa, 260 pessoas foram mortas. Não existe contexto ou análise política que atenue o horror desse massacre. As violações aos direitos humanos são absolutas. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu classificou o ataque-surpresa do Hamas como “criminoso”, e anunciou que Israel estava oficialmente em guerra. Ainda completou em discurso televisionado: “Este inimigo queria a guerra e é isso que eles conseguirão. A resposta dada por Israel mudará o Oriente Médio”. Como resposta, Israel lançou bombardeios pesados em Gaza, cortou o abastecimento de comida, água, eletricidade e combustíveis e prometeu um cerco de pleno direito na região. O contra-ataque de Israel mira no Hamas, mas acerta na população palestina. O que acontece sempre, os Povos da Palestina, tem sofrido, reiterados ataques desde sempre, há um sofrimento aberto e escancarado de toda a população palestina que sobrevive diariamente a crimes de guerra em Gaza. Algumas informações são imprescindíveis, para entendermos esse tabuleiro da geopolítica internacional e do Oriente Médio. Quem é o Hamas…? O nome que significa, em árabe, Movimento de Resistência Islâmica, é um movimento palestino constituído de uma entidade filantrópica, um braço político e um braço armado. Foi criado em 1987, no contexto da 1ª Intifada, que foi uma das revoltas Palestinas contra a ocupação de Israel. Ainda sobre o Hamas, é um movimento islamista palestino, de orientação sunita, constituído de uma entidade filantrópica (dawa), que formam as Brigadas Izz ad-Din al-Qassam. Especialmente ativo em Gaza, pelas razões todas conhecidas, relacionadas à resistência a Israel, é o mais importante movimento islamista atuante na Palestina. O grupo surgiu com o propósito de enfrentar Israel e tem sido responsável por muitos ataques bombistas, por vezes, suicidas e outros ataques mortais contra civis e soldados israelitas. A União Europeia e o mundo ocidental em geral consideram o Hamas uma organização terrorista. Segundo alguns especialistas, os ataques do Hamas têm o objetivo de “destruir a sensação de segurança” em Israel. Para estes estudiosos, o grupo tenta minar o mito da invencibilidade israelense ao levar o conflito para dentro do território judeu. A diferença de forças é muito grande, o Hamas tem 40 mil combatentes, enquanto Israel tem um exército com 400 mil soldados, compare as forças dos dois lados do conflito. O que é Gaza…? É um dos dois territórios palestinos. O outro é a Cisjordânia, ocupada por Israel, que inclui Jerusalém Oriental e faz fronteira com a Jordânia e o Mar Morto. Gaza fazia parte do Império Otomano antes de ser ocupada pela Grã-Bretanha de 1918 a 1948 e pelo Egito, de 1948 a 1967. Organização islâmica com ala militar, o Hamas surgiu pela primeira vez em 1987. Era um desdobramento da Irmandade Muçulmana, um grupo islâmico sunita fundado no final da década de 1920 no Egito. A própria palavra “Hamas” é um acrônimo para “Harakat Al-Muqawama Al-Islamiyya” – que em tradução livre significa “Movimento de Resistência Islâmica”. O grupo, tal como a maioria das organizações e partidos políticos palestinos, insiste que Israel é uma potência colonizadora e que seu objetivo é libertar os territórios palestinos das garras de Israel. Ao contrário de algumas outras organizações palestinas, o Hamas recusa-se a dialogar com Israel. Por não acreditar, nos acordos e promessas do governo de Israel, que ao longo dos anos, vem firmando acordo e não cumprindo, o que levou a um desgaste total nas relações. Em 1993, opôs-se aos Acordos de Oslo, um pacto de paz entre Israel e a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) que desistiu da resistência armada contra Israel em troca de promessas de um Estado palestino independente ao lado de Israel. Os Acordos também estabeleceram a Autoridade Palestina (AP) na Cisjordânia ocupada por Israel, o que nunca aconteceu. Segundo OMER, Mohammed(2017), no seu Livro: Em Estado de Choque, ele vai dizer de todo o “Horror, que foi para o Povo Palestino, a criação do Estado de Israel naquela região, que nunca mais eles (Palestinos), tiveram PAZ”, depois do estabelecimento de Israel naquele território. Que transformou a Faixa de Gaza, num Inferno. “Gaza foi isolada do resto do mundo por um bloqueio israelense à terra, ar e mar que remonta a 2007, com restrições rigorosas à circulação de mercadorias. A região foi descrita pela Human Rights Watch como a “maior prisão a céu aberto do mundo”. O Estado de Israel surgiu a partir de décadas de lobby e de campanhas imigratórias promovidas pelos defensores do sionismo. “A criação do Estado de Israel passa diretamente pelo sionismo, um movimento nacionalista judeu que se consolidou na década de 1890.
O sionismo surgiu em 1896 depois da publicação de um livro por um jornalista judeu húngaro chamado Theodor Herzl. O livro, chamado O Estado Judeu, sugeria a criação de um Estado Nacional para abrigar os judeus da Europa.” O sionismo, por sua vez, é um movimento que defendia a criação de um Estado judeu na Palestina como solução ao antissemitismo na Europa. A criação de Israel estabeleceu um conflito com os palestinos árabes que se estende até hoje. Atualmente, os palestinos não possuem um Estado nacional nem têm seus territórios delimitados.” “O Estado de Israel surgiu em decorrência do movimento sionista, surgido em defesa da ideia de estabelecer um Estado judaico na Palestina. “A criação do Estado de Israel se oficializou em 14 de maio de 1948, quando o governo israelense proclamou a fundação do país. A criação do moderno Estado de Israel, na década de 1940, acabou sendo resultado do contexto de perseguição que os judeus viveram na Europa por causa dos nazistas. As condições políticas permitiram a criação do Estado de Israel após a Segunda Guerra Mundial. Entretanto, a criação do Estado de Israel era uma questão que atravessava a diplomacia internacional e agitava a Palestina desde o começo do século XX. Os primeiros debates sobre a criação desse Estado se estabeleceram já na última década do século XIX.” “O antissemitismo afetava judeus de todas as partes da Europa, sobretudo na Europa Central e Oriental. A resposta judaica a isso foi defender a criação de um Estado judaico, e o local escolhido foi a Palestina. Noventa por cento do território hoje ocupado por Israel, pertence ao Povo Palestino, essa região que foi habitada pelos judeus na Antiguidade, mas que tinha sido abandonada por eles na Diáspora em consequência da perseguição que sofriam dos romanos. A grande questão é que a região era habitada pelos árabes palestinos havia séculos e séculos. Para garantir a formação de um Estado judaico naquela região, foi formada a Organização Sionista Mundial, que passou a atuar na compra de terras na Palestina para arrendá-la aos judeus.” Ainda sobre a criação do estado de Israel… “A fundação de Israel resultou no primeiro grande conflito na Palestina. Essa foi a Primeira Guerra Árabe-Israelense, que se estendeu de 1948 a 1949 e contou com episódios de grande violência. Essa guerra se iniciou quando diferentes países árabes declararam guerra a Israel e isso se deu logo depois da fundação do Estado judeu. Durante esse conflito, Israel foi atacado por tropas do Egito, Síria, Iraque, Líbano e Transjordânia (atual Jordânia). Todavia, mais bem preparadas forças armadas israelenses conseguiram se impor no conflito, enfrentando grandes dificuldades apenas no combate contra a Transjordânia. A violência se manifestou dos dois lados, e a expansão israelense e os ataques contra civis palestinos forçaram a fuga de milhares.” Segundo a Professora Karen Armstrong (2000), “A criação do Estado de Israel foi acompanhada de uma resposta dos países árabes vizinhos à Palestina que não concordavam com a criação de um Estado judaico em uma terra que previamente era habitada pelos árabes palestinos. De 1948 em diante uma série de conflitos aconteceram na região como fruto dessa disputa pelo território entre judeus e árabes. O primeiro conflito foi a Primeira Guerra Árabe-Israelense, de 1948, em que diferentes nações árabes se uniram contra o recém-fundado Estado de Israel. Esse conflito teve duração de 1948 a 1949, se encerrando com a vitória israelense e a ampliação de seu território. Além disso, esse conflito ficou conhecido pela “nakba”. Esse termo do árabe é traduzido como “catástrofe”, resumindo bem o que foi o conflito para os palestinos. As conquistas israelenses na guerra de 1948 fizeram com que cerca de 700 mil palestinos fugissem de suas terras. A ONU estima, atualmente, que o número de palestinos descendentes da “nakba” estejam em cerca de 5 milhões de pessoas. Até hoje o Estado de Israel não permite o retorno dessas pessoas.” “Essa questão é justamente a luta do povo palestino pelo reconhecimento internacional da Palestina enquanto nação e pela delimitação do seu território. Muitos defendem a adoção da solução de dois Estados, isto é, a divisão do território para que Israel e Palestina possam coexistir de maneira pacífica. A grande questão é que muitos observadores internacionais apontam que os palestinos são mantidos em um regime de apartheid por Israel. As condições de vida impostas aos palestinos na Faixa de Gaza são cada vez piores, um processo de desumanização brutal, além dos bombardeios israelenses na região são comuns. Isto além da dificuldade de acesso ao básico na região, como alimento, remédios, energia elétrica e água potável. No caso da Cisjordânia, debate-se a progressiva ocupação do território por israelenses. Nas últimas décadas, o território palestino tem sido ocupado por assentamentos israelenses que forçam a migração da população palestina, se tornando alvo da violência cometida por forças militares israelenses. Existem denúncias de pogroms contra palestinos, e muitos relatórios internacionais apontam que os eles são tratados como cidadãos de “segunda categoria”, sendo abertamente discriminados. Depois de sete décadas, não há no horizonte uma previsão para o término desse conflito, quantas vidas ceifadas, pelo ódio entre esses povos (Judeus x Palestinos) e Gaza a maior tragédia humanitária da atualidade.
**contribuição do Professor DsC. Dirlêi A Bonfim, Doutor em Desenvolvimento Econômico e Ambiental, Professor/CIEB da SEC/BA**Sociologia**Cursos/Técnicos/CETEP – Professor/Formador/IAT/SEC/BA.**