Prefeitura organiza prioridade de atendimento para o Programa Federal ” Minha Casa, Minha Vida”)
Feira do MST: Alckmin diz que “há lugar para todos no campo”; FPA critica

“No campo, tem lugar para todos, e a agroindústria tem papel fundamental no desenvolvimento do país”, escreveu em sua conta no Instagram o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, sobre sua ida à 4ª Feira Nacional da Reforma Agrária (Fenara), no Parque da Água Branca, em São Paulo, nesse sábado (13). A visita foi criticada por membros da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), núcleo de oposição ao governo Lula e adversário do MST, realizador da Fenara.
O vice-presidente destacou a força da feira, que visitou a convite do coordenador nacional do MST, João Paulo Rodrigues. “São centenas de toneladas de produtos agrícolas, inclusive da agroindústria, à venda pelos próprios camponeses que os produziram. [A Fenara] é um “trabalho que pouca gente conhece, um trabalho sério.”
Alckmin lembrou que apoia os eventos dos sem-terra há anos. “Sempre venho às feiras [do MST]. A primeira vez foi em 2013, quando era governador. Havia resistência quanto a eles usarem o Parque da Água Branca. Autorizamos e eu vim. As pessoas têm a oportunidade de comprar produtos saudáveis e melhorar a renda de quem trabalha.”
Ele também reforçou a posição do governo Lula sobre a reforma agrária. “Todos nós defendemos a reforma agrária, é importante”, disse Alckmin. Ainda no sábado, o ministro Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar) anunciou que o governo anunciará um novo programa de reforma agrária neste mês de maio.
Além do vice-presidente e do ministro Paulo Teixeira, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, e o presidente da Conab, Edegar Preto, entre outros representantes do governo Lula, estiveram na Fenara nesse sábado.
Reação da FPA
A visita de Alckmin à feira da reforma agrária desagradou alguns membros da FPA. “O governo arrancou a ponte com o agro e não tem mais diálogo. É o que precisávamos para poder provar o envolvimento do governo com o MST nessas invasões de terra”, disparou o vice-presidente da FPA, o deputado federal bolsonarista Evair de Melo (PP-ES).
Também vice-presidente da FPA, o deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP) reforçou a crítica, na linha de “ou nós (ruralistas) ou eles (MST), em entrevista ao Estadão: “O governo dá sinais absolutamente contraditórios e tem vivido uma certa esquizofrenia com o agro. Dá uma no cravo e outra na ferradura, mas vai ter que se definir.”
A relação entre o governo Lula e o agro está estremecida desde a campanha eleitoral de 2022. A maioria dos ruralistas apoiou a candidatura de Jair Bolsonaro à reeleição para presidência da República. Após a vitória de Lula, o setor manteve – e mantém – a postura de oposição ao governo Lula e de engajamento com o bolsonarismo.
“Cuidado, Evair”
Um dos episódios recentes das rusgas entre o governo e o agro envolveu a Agrishow. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, não participou da abertura do evento alegando ter sido desconvidado pela coordenação da feira. O convidado para o primeiro dia da Agrishow, em Ribeirão Preto (SP), foi Jair Bolsonaro.
Dias depois, Evair de Melo – um dos maiores críticos do governo Lula – fez perguntas provocativas ao ministro Fávaro durante audiência na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados. Fávaro reagiu e disse que o parlamentar não iria constrangê-lo nem “fazer graça com ele”. Em seguida, a sessão foi encerrada.
Em um debate com o deputado federal Glauber Braga (Psol-RJ) na CNN Brasil, Evair de Melo voltou a criticar o governo e a defender a instalação da CPMI do MST no Congresso Nacional. Em resposta, Glauber Braga insinuou que Evair de Melo estaria envolvido na tentativa de golpe de 8 de janeiro:
“Não sei se ele [Evair de Melo] foi responsável por financiar algum ato golpista ou alguém que tenha se dirigido a Brasília para o golpe. Se financiou, se deu dinheiro, se fez reunião no seu gabinete, vai ser responsabilizado e vai sofrer o indiciamento por parte da CPMI.”
O deputado do PSOL acrescentou ainda: “Que todos os parlamentares que financiaram ou participaram das ações golpistas sejam devidamente responsabilizados. Cuidado, deputado Evair, se cuida.”
Nesta terça-feira (16), Alckmin é o convidado da reunião-almoço semanal da FPA, em Brasília, quando serão debatidas as principais pautas do setor rural. A expectativa é saber qual será a recepção que o vice-presidente terá depois das reiteradas críticas ao governo e se o encontro poderá distensionar as relações entre o Palácio do Planalto e o agro.