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Choram Marias e Clarices

09/10/2025 5 min read

AA

 Choram Marias e Clarices
Professor Doutor Ruy Medeiros

Leitores, espero que muitos lembrem-se do verso acima. A voz de Elis Regina, inesquecível, cantava-o no corpo daquela música de Aldir Blanc Mendes e João Bosco de Freitas Mucci: O bêbado e o equilibrista, canção que se tornou uma espécie de hino da luta pela anistia.
Clarice, dentre tantas Clarices, era a viúva de Vladimir Herzog, Valdo, jornalista, professor de jornalismo na Escola de Comunicações e Arte da USP, e diretor de jornalismo da TV Cultura de São Paulo
Neste ano completam–se 50 anos do assassinato covarde, frio e brutal, com requintes de crueldade, de Vladimir Herzog.
“Visitado” no ambiente de seu trabalho, na TV Cultura de São Paulo, por agentes da ditadura militar, que queriam levá-lo preso, Valdo, com aval de colegas, comprometeu-se a apresentar no dia seguinte (25 de outubro, sábado, 1975) no DOI-CODI, Rua Durval Carvalhal, n° 1030, São Paulo, Capital, a fim de prestar depoimento.
Naquele ambiente sob controle do 2° Exército, comandado pelo General Ednardo D’Ávila Melo, Vladimir Herzog é submetido a todo tipo de tortura física e psicológica.
É assassinado. Dentro de alguns meses, o ato de covardia completa 50 anos. Era 1975 e nosso país vivia sob ditadura de Geisel cujo ministro do exército era o general Silvio Frota, aval da “linha dura”.
Vlado, apesar de saber o que ocorria nos porões da ditadura, apresentou-se confiante. Logo, conduzido a uma sala, foi despido, totalmente desarmado, mãos amarradas, sem condições de reagir, por militares covardes (a tortura é sempre ato de covardia), passou pelo ritual do sadismo cultuado nas casernas do regime e foi assassinado. Era um homem de 38 anos.
A covardia não se perfez apenas com a tortura. É que, à noite daquele dia, o 2º Exército distribuiu nota oficial veiculando a notícia de que Vladimir Herzog havia praticado suicídio. Utilizara uma tira de pano presa a uma grade de janela, na altura de 1,63 metro, inferior à estatura de 1,70m da vítima.
Fotos e laudo médico (esse apresentava como causa mortis “asfixia mecânica por enforcamento”) foram providenciados pelos agentes militares. A Covardia continuava, associada à mentira e ao cinismo.
A foto distribuída pelo porão do regime não convenceu a ninguém. Era farsa mal montada por aqueles que se julgavam impunes. Tentou-se disfarçar com laudo médico vergonhoso. Clarice foi proibida de providenciar uma segunda autopsia.
Mas ali, estava o momento, a covardia dos torturadores (pleonasmo: todo torturador é covarde) trazia sua própria prova da brutalidade que campeava pelo país afora, com a imagem daquele homem nascido em Osijek, na Iugoslavia, em 27 de junho de 1937, chegado ao Brasil, em companhia de seus pais, quando tinha 9 anos de idade, casado em 15.02.1964, com Clarice, com a qual teve filhos: Ivo e André.
Mas a covardia não parou por aí.
A Revista Veja foi proibida de publicar notícia sobre Vladimir Herzog e sua trajetória de vida. Tratava-se de impedir que o crime fosse conhecido. Nota curta noticiando o primeiro a prisão e o outro a morte, saíram n’ O Estado de São Paulo e n’ O Globo, passado um dia, mencionando morte de um preso político por suicídio. Somente na semana seguinte, as notícias começaram a sair ainda com a versão da morte por suicídio.
Debalde tentaram esconder o crime. O Sindicato dos jornalistas telefonou a muitos noticiando-o. O corpo foi velado no velório do Hospital Albert Einstein, no domingo. Na segunda-feira, mais de trezentos automóveis acompanharam o cortejo fúnebre até o Cemitério Israelita, onde Vladimir Herzog foi sepultado. Não o foi na ala dos suicidas, numa demonstração de que ninguém acreditava na versão farsante de suicídio como causa da morte.
O sepultamento foi apressado. A própria mãe de Herzog não pode ver o caixão sendo depositado na cova, tal era a pressa.
Apenas falaram um jornalista (Emanoel Martins), Ruth Escobar (atriz) e um padre católico que rezou o pai nosso, no cemitério após o sepultamento.
Os estudantes universitários da USP deflagaram greve, no mesmo dia do enterro, e nesse estado ficaram até o dia de sexta-feira para o qual foi programado um Culto Ecumênico.
Na sexta-feira, as Polícias Militar e Civil interditaram a Praça de Sé, e bloquearam várias avenidas, inclusive as saídas da USP.
Mas, mais 8.000 pessoas, furando obstáculos, conseguiram chegar à Praça da Sé em cuja catedral, muito cheia, seria realizado o culto.
O rabino Henry Sobel, o reverendo Jaime Wright e Dom Paulo Evaristo Arns, Arcebispo Metropolitano, realizaram o culto. Dom Helder Câmara, no recinto, não usou da palavra junto a esses religiosos.
Ali, na catedral e na praça, aquelas mais de 8.000 pessoas expressaram com sua presença repúdio aos ditadores, e solidariedade, em grande silêncio. Sua presença dizia tudo.

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