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Meu nome é Legião

20/08/2025 7 min read

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 Meu nome é Legião

Nos últimos dias as mídias foram tomadas pelo caso Hytalo Santos, influencer digital acusado de utilizar crianças e adolescentes num esquema de adultização de menores, deixando um rastro de tráfico humano, privação de liberdade e, por fim ou claro, a alimentação de uma rede digital de pedofilia, que o monetizava. Não vou desfilar os detalhes dessa história macabra; os jornais, a polícia e a justiça já estão se encarregando disso, escavando esse cemitério clandestino, com novas ossadas aparecendo a cada golpe de pá. A verdade é que o caso Hytalo não é exatamente um cemitério sendo exumado, está mais para um imenso iceberg, do qual ainda só se vê o cume, a parte acima do nível do mar. A parte submersa é sempre maior, muito maior. Impossível crer, como se esforçam seus advogados para provar, que seu cliente seja de fato inocente. Ele mesmo produziu provas contra si, em incontáveis horas de vídeo. Mas é inegável: ele não é o único culpado nessa história, ele não é a única engrenagem nessa imensa máquina de sexualização precoce de crianças e adolescentes, a alimentar uma horda de vampiros pedófilos, mundo afora. Ele é “apenas” uma peça, num motor gigantesco, um imenso iceberg, não submerso, mas, suspenso no ar, a vista de todos, e condescendentemente ignorado. Na verdade ele é apenas mais um dente podre na imensa boca de um tubarão pré histórico que desde sempre nadou e nada entre nós. Esse “dente” pode ter caído, mas a bocarra do tubarão continua lá, e ele também.

Quem viveu os anos 1980 e 1990, vai se lembrar de algumas cenas que vou narrar aqui. Essa geração, a minha, viu e ouviu, mesmo que forçadamente – já que estava em todos os canais, em vários horários – as bandas do momento, em especial as da chamada “música baiana”, a repetirem de maneira sistemática a “dancinha da boca da garrafa”, para ficar somente em uma “canção” da época. Se a dança feita pelas dançarinas adultas já era de um gosto duvidoso, a mídia desceu quatro degraus nessa escala obscena e passamos a ver os concursos das dançarinas MIRINS, com crianças na faixa dos seus 10 / 12 anos, enfiadas dentro de mini shortinhos, mini blusas e botinhas, sempre bem maquiadas, vestidas como as dançarinas adultas, e repetindo os mesmos passos e requebres destas. A plateia adulta? Delirava cada vez mais a cada novo rebolar das menininhas. E os programas ganhavam imensamente com isso. Por falar em programas…

Em 1982, um filme ganhou as telas do Brasil. “Amor, estranho amor”, do diretor Walter Hugo Khouri. Contava o cotidiano de um bordel de luxo, onde ricos e poderosos eram entretidos por jovens lindas e sensuais. Eis que umas delas interpreta, vigorosamente, uma cena de sexo com um menino de seus 12 anos (no filme e na vida real). Quatro anos depois, em 1986, essa mesma garota seria lançada ao estrelato, não por filmes adultos, mas por programas de entretenimento com e para crianças, na TV. Nasceu ali a “Rainha dos baixinhos”. Ela, já famosa, tentou incansavelmente proibir, na justiça, a comercialização do filme de anos atrás. Não conseguiu. Em tempo: seu séquito, em seu programa matinal na Globo? Ah, quem não se lembra das jovens Paquitas? Mais: quem não se lembra das roupas que a Rainha usava? Não eram exatamente – ou somente – os baixinhos, o seu público alvo.

Se a indústria de entretenimento sempre usou as crianças, as meninas em especial, como recheio para sua propaganda, o que dizer da indústria da propaganda em si? Crianças, meninas em maioria, sempre foram mostradas de maneira hiper sensualizada. Quem viu a famosa propaganda da inocente Seiva de Alfazema, de 1989, vai entender o que digo. A lista das propagandas que hoje (felizmente) não seriam permitidas é imensa e vai de perfumes e comidas a sapatos e roupas, não ficando de fora dela as capas de discos, e produtos de todos os tipos. Os tempos eram outros? Sim. Mas o perfil de muitos dos consumidores, ainda é o mesmo, assim como de muitos dos produtores. Hytalo é apenas mais um, nos nossos dias.

A esteira dessa máquina reificante, que transforma gente em coisa, especialmente as mulheres, em carne fresca na vitrine do açougue, ou na banca suja dessa imensa feira livre que é o mundo dominado pelos “homens”, e que não tem limites, não tem pudores. Aliás, nunca teve.

O termo “infância” é relativamente novo, se levarmos em conta a idade da humanidade. Surgiu por volta do sec. XVII, bem depois do fim da Idade Média. Até então, a pessoa abaixo de 12 anos era vista como um adulto em miniatura. A ideia do sujeito adolescente, então, é ainda mais recente, pós Revolução Industrial, praticamente logo ali, no sec. XX. Até pouco depois de 1600, o que fazia de uma menina uma mulher, era a sua menarca, a sua primeira menstruação. Após isso, estava apta a ser casada, a cumprir sua função de mulher, diante do seu marido, não raro bem mais velho que ela, num matrimônio arranjado pelos pais. Os tempos mudaram? As meninas não são mais adultizadas antes do tempo, não são mais tratadas como mercadoria? Sujeitos como Hytalo Santos, e a engrenagem que ele construiu e alimentou, com seus mais de 20 milhões de seguidores, nos mostram que não.

Mas ele não foi o primeiro a enriquecer ao alimentar essa máquina de moer carne humana, feminina e fresca; mesmo com sua prisão, com seu cancelamento midiático, mesmo com o fim de sua participação nesse teatro de horrores, veremos que ele não será o último. Os dentes dos tubarões se regeneram ao longo de suas vidas. Cai um, nasce outro. Essa imensa máquina é composta por centenas de engrenagens, algumas menores, outras maiores. Algumas se mostram escancaradamente, outras se camuflam. Outras se tornaram tão “naturais” que até denunciá-las se torna algo difícil. Um exemplo? Quem nunca achou estranho os uniformes minúsculos das líderes de torcidas, ou mesmo DAS atletas, ou das meninas adolescentes, que desfilam pelas escolas nas festividades do 7 de Setembro, com seus uniformes mínimos e sensuais, para o deleite quase orgástico de grande parte da multidão “cívica” que as assiste?

As Tvs, as rádios, os jornais, a indústria publicitária, automobilística, de bebidas ou musical, a escola, o mundo esportivo, os postos de combustíveis, a loja de roupas masculinas da esquina, a indústria de cosmético e de entretenimento, o cinema, a entidade MERCADO, esse tubarão antropofágico que se alimenta da carne das mulheres, das ninfas, tem muitos dentes em sua bocarra. Na verdade ele pode ser chamado de Legião, justamente por que são muitos, e seu traço marcante é a perversão.

Josafá Santos
Historiador, Psicólogo.

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