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O “Banquete da morte”

12/11/2024 8 min read

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 O “Banquete da morte”
Jornalista Jeremias Macário

   Um amigo meu perguntou quantos índios participaram do chamado “banquete da morte”, tramado pelo explorador e fundador da Vila Imperial da Conquista, João Gonçalves da Costa, que depois de uns entreveros com os nativos lá pelos idos de 1790 resolveu dar uma farra de muita comida e bebida para acalmar os ânimos.

  A princípio os índios desconfiaram da generosidade incomum do João, mas após longas conversações e encontros, os mongoiós, que eram seus aliados mais próximos, convenceram as outras tribos a aceitarem o convite. Essa intermediação não foi fácil e demandou um bom tempo. Suas aldeias não ficavam perto daqui.  

   Uns falam em lenda e outros em verdade, mas vou contar como aconteceu toda história porque estava aqui na época e, como jornalista correspondente do jornal A Tarde, fiz a cobertura dessa tragédia, tendo ao lado meu colega companheiro fotógrafo José Silva, o famoso “Zé” dos estilingues certeiros e bom no manejo das lentes.

  Meu amigo, foi por volta de 1803/06, não me lembro agora a data certa, numa noite fatídica de sábado naquelas imediações da hoje Praça Tancredo Neves, antiga Borboletas. Tudo ainda era floresta naqueles arredores que, com o passar dos anos, o homem, sem piedade, desmatou e depredou.

   As brigas entre João Gonçalves, mongoiós, imborés-pataxós estavam acirradas, coisa feia como se diz no popular. Era morte para todo os lados. Depois de um acordo, muitos índios começaram a atrair os soldados do conquistador para dentro das matas e lá davam cabo dos cabras.

   Com seus planos diabólicos e maquiavélicos, João Gonçalves decidiu oferecer um tremendo banquete para selar nova paz. A notícia se espalhou por todos os cantos e eu soube do fato tomando uns gorós brabos com uns índios mais chegados, na oca do “Kai Duro”, localizada no pé da serra. Era um tipo boteco. A cachaça, com tira-gosto de caças, era de derrubar até os mais chegados a uma birita quente, do tipo tequila mexicana.

   Sei que já estão querendo saber quantos índios foram ao banquete, mas tenham calma que digo mais na frente. Como repórter, não bicava com o João. Fatalmente seríamos barrados pelos seus guardas, cerca de 70. Foi aí que eu e o “Zé” tivemos a ideia de trajarmos como índio, com todos apetrechos e pinturas. A festa era de arromba, ou de tiros e porretes!

   O “Kaiapó”, que nos preparou, alertou que o esquema ia dar problema e confusão, mas jornalista tem que ser destemido e se disfarçar nas horas certas para ir em busca da informação. Bem, o boato se alastrou e muitos nativos (imborés-pataxós) alertaram que a festa não passava de uma emboscada do temido João, mas na hora de comer e beber na base do 0800, a turma cai dentro.

   Quando o sol despediu do dia com seu poente rajado cor de sangue e a noite entrou com seu breu, os índios, pouco a pouco, foram se achegando com suas lanças, flechas e tacapes. O João, que não era nada besta, recebeu a todos gentilmente e pediu para ninguém entrar armado. Afinal de contas, aquela noite era para celebrar a paz. No entanto, ele mandou seus homens esconder suas espingardas no mato, ali por perto.

   Pois é gente, eu e o “Zé” ficamos de longe só espiando o movimento e esperando a hora exata de entrar na cabana do comandante sanguinário. Por precaução, escolhemos a aproximação de um grupo maior para nos misturarmos no bolo e, foi assim, que conseguimos nosso feito. 

   Cara chato e sacana que fica com arrodeios e não revela logo a quantidade de índios – deve estar imaginando o leitor. Isso é um dado principal para abertura da matéria, e aí ele fica fazendo o tal “nariz de cera”. Vi um soldado cochichar no ouvido do explorador e avisar que estavam entrando penetras. Aquilo me deu arrepios.

 –  Conheço vocês de algum lugar, não me são estranhos. Qual tribo pertencem? Quis saber o João, todo sisudo e com jeito de matador- vingador. Só em olhar para o portuga já dava um frio na barriga.

   Como já era noite, despistamos. – O senhor deve estar se enganando, somos da tribo “Kaiçara”, daquelas bandas de José Gonçalves e Caetanos. Ele fez de conta que acreditou e virou as costas. Por falar nisso, pela minha contagem, naquelas alturas já haviam adentrado no recinto cerca de 110 índios, mais ou menos. A noite prometia! Já tinha muita gente chumbada e cambaleando.

  Depois do ritual da dança e de fumar o cachimbo da paz, todos se sentaram para o grande banquete na folha da bananeira. Comidas e bebidas exóticas em fartura! Lá pela meia noite, todo mundo já estava cheio do pau. Como estávamos de trabalho, eu e o Zé evitamos beber e ficamos atentos a qualquer imprevisto.

   Moço, não lhe conto! Lá pelas tantas, quando a bebedeira já havia invadido o cérebro dos convidados, os guardas do João entraram pipocando. Foi aí que a gente, como muita sorte, escapuliu pelos fundos. Ganhamos a floresta e fomos parar na sucursal onde hoje é a rua Dois de Julho. 

  O “Zé”, com sua estratégia matreira, tirou a maior parte das fotos. – Vamos cair fora dessa zorra “Zè”, antes que o fogo sobre para nós! Foi um massacre dos diabos, mas ainda se salvaram uns 20 índios na correria desatada, justamente aqueles que não eram muito dados a beber. Assim se deu o tão propalado “banquete da morte”, banhado de muito sangue e tirania.

   No outro dia, mandamos a matéria escrita à mão e as fotos no lombo dos burros dos tropeiros que cortavam esse sertão, passando pelo povoado de Jequié até o litoral de Itaparica e de lá seguiram de barco até o periódico. A reportagem saiu quase um mês depois, mas, mesmo assim, era coisa quente e furo jornalístico de primeira.

   O João ficou tiririca da vida, espumando de raiva e sabia que tinha sido a gente, mas não podia fazer muita coisa, pois o seu rei de Portugal (olá, meu caro portuga Luís Altério!) lhe deu uma tremenda comida de rabo. Ficamos jurados de morte e, pouco tempo depois, A Tarde nos transferiu para Ilhéus.

   Tempos depois nos acertamos e até fizemos diversas entrevistas com o João, já velho e cansado de guerra, lá em sua fazenda em Manoel Vitorino. Sobre esse lendário do além-mar, que fundou o arraial, hoje com quase 400 mil habitantes, falamos no próximo papo, isto se vocês quiserem. 

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