Os pastores aloprados!

Os fanáticos dominadores antigos, como os navegadores-descobridores portugueses e espanhóis dos séculos XV e XVI, em conluio com a Igreja Católica, tinham convicções de que, além da exploração das riquezas naturais, suas missões eram salvar almas pagãs, mesmo que fosse a ferro e fogo, como ocorreu com o tráfico negreiro durante cerca de 350 anos.
Para esses conquistadores, a escravidão era justificável porque estavam dando aos cativos a oportunidade de se elevarem a Deus e ganhar um lugar no reino celestial. Portanto, os castigos e as torturas eram merecidos. Era esse o pensamento predominante da maioria dos jesuítas e outras ordens, inclusive do famoso padre pregador Antônio Vieira.
Em pleno século XXI, nas mesmas terras brasis, temos hoje os pastores aloprados, ou seriam os vendilhões dos templos que, em nome do seu Deus e de Jesus Cristo, se lambuzam em postos de um governo fascista teocrático radical, para tirarem proveito próprio, misturando religião com promiscuidade. O pensar deles não difere muito do de antigamente, só que os métodos são diferentes, e acham que podem transformar o Estado num reduto evangélico.
Na ganância do poder e de se tornarem mais ricos, esses ditos representantes de Deus se infiltraram justamente no Ministério da Educação, cujo titular é um outro pastor, para com o dinheiro do povo, escravizar o nosso próprio povo brasileiro. Educação para eles é catequizar e evangelizar um rebanho inculto e ignorante, tanto que angariavam verbas até para comprar Bíblias.
Esses evangelizadores não passam de um bando de aloprados que ficaram deslumbrados quando as portas do governo do capitão-presidente se abriram para eles. Acham que assim estão contribuindo para arrebanhar mais fiéis para suas igrejas, crescendo seus poderios e tomando territórios, não importando os meios, se são imorais, estapafúrdios, aberrantes e indecentes. A diferença é que esses aloprados só pensam exclusivamente neles, acima do “salvar almas perdidas”.
Como disse em sua canção nosso cantador e poeta Raul Seixas, eles rezam a Deus, para agradar o diabo. Para liberar verbas aos prefeitos, eles pediam em troca quinze, quarenta mil reais e até um quilo de ouro, o equivalente a mais de trezentos mil. Seria o “ouro de tolo” de Raul Seixas, ou a corrida do ouro, como nos tempos do faroeste norte-americano, onde prevalecia a lei do mais forte?
Todos sabem que esse filme não é desconhecido. Sempre está se repetindo porque a palavra punição para esses crimes do colarinho branco foi banida da nossa Justiça. O enredo da recente película não passa de mais uma franquia dos governos passados, desde os tempos coloniais. Pior que a maior parte do público acha tudo normal, e outros nem estão aí.
O tráfico de influência é tão antigo quanto o Brasil, e os agentes só mudam de nomes, agora sob o comando de uma turma do evangelho que, em nome de Deus, tira do pobre para contemplar suas luxúrias. São os mesmos que jogam pedras nos terreiros de candomblé e discriminam homossexuais.
Esses falsos profetas de Cristo misturam o espiritual com o terreno e ministros de Deus com Ministério da Educação. Como eles se sentem pregando os ensinamentos de Cristo, de orai irmãos para não caires em tentação? Falam dos pecadores que vão arde no fogo do inferno. Rodam as sacolas em nome de satanás. O mais repugnante nisso tudo é que os “fiéis seguidores” aplaudem seus atos nefastos e nojentos.
O Brasil sempre foi uma “vaca leiteira”. Essa vaca só trocou de dono. Passou da mão da coroa portuguesa para as elites políticas, oligarquias empresariais, governos federal, estadual e municipal, chegando agora aos pastores evangélicos. Todos querem mamar em suas tetas. Ela sempre tem leite porque são as classes mais pobres que a alimenta todos os dias, com o suor de seus rostos.
Quando veio a Lava-Jato, muitos disseram que o Brasil iria ser passado a limpo. Que seria um marco divisor de águas da nossa história. Que corrupção jamais. Não acreditei nisso porque o próprio sistema, como ele foi montado, funciona como uma fonte inesgotável para saciar a sede de dinheiro e poder desses malfeitores malignos que nem pensam no futuro de seus filhos.