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Ruy Barbosa e o seu centenário de morte

Benjamin Nunes Pereira*
Há muitos dias pretendia escrever sobre o centenário de morte do grande Ruy Barbossa de Oliveira, devido algumas obrigações do cotidiano não foi possível, fato que ocorreu em 1923, quando bastante adoentado, vai para Petrópolis recuperar de sua enfermidade, em fevereiro ainda participa de reuniões políticas. Tem os primeiros sintomas de paralisia bulbar em 27 de fevereiro. Morre em 1º de março de 1923, tendo o seu corpo embalsamado e levado para o Rio de Janeiro. O enterro ocorre em 3 de março de 1923.
Lendo o Blog do nosso querido amigo Paulo Nunes, li o texto do Professor Doutor Ruy Medeiros, gostei muito e fiquei conhecendo algumas informações que não sabia sobre a vida de Ruy Barbosa, sou um admirador das palestras e artigos escritos por Doutor Ruy Medeiros e ao ler o seu texto Ruy Barbosa e as eleições de 1919 em Conquista, também, nesse domingo, 21/05/2023 recebi o Jornal A Tarde, com uma revista em quadrinhos com o título de: Ruy – Do Sonho à Realidade, então, eu me encorajei a escrever um pouco desse grande jurista consagrado no Brasil e em outras plagas distantes, que tanto admiro, até por que a vida de Ruy Barbosa abarca um lapso riquíssimo da nossa história.
Verdadeiramente, ao longo de sua vida registraram-se acontecimentos, tanto internos quanto internacionais que muito auxiliaram a dar ao Brasil sua feição própria, seu modo característico de ser, e o conceito melhor ou pior, segundo o caso que foi adquirindo junto às demais nações.
Foi um período da primeira guerra mundial, da intervenção brasileira no Uruguai e na Argentina, da Guerra do Paraguai, tempo da Questão Militar no Brasil, abolição, entre outros eventos. Com referência a pátria Ruy dizia sempre que: “A pátria não é de ninguém, são de todos; e cada qual tem no seio dela o mesmo direito à ideia, à palavra, à associação. A pátria não é um sistema, nem uma seita, nem um monopólio, nem uma forma de governo: é o céu, o solo, o povo, a tradição, a consciência, o lar, o berço dos filhos e o túmulo dos antepassados, a comunhão da lei, da língua e da liberdade”.
O pensamento de Ruy reflete a aspiração pela justiça, pela equidade social, pela ética política e pelo idealismo como força propulsora da vida pública. E em se tratando de justiça ele cita em Oração aos Moços o seguinte: “A justiça atrasada não é justiça, senão injustiça qualificada e manifesta. Porque a dilação ilegal nas mãos do julgador contraria, o direito das partes, e, assim, as lesa no patrimônio, honra e liberdade”.
No seu curriculum vitae, Ruy Barbosa, foi advogado jornalista, diplomata, político, escritor, filólogo, tradutor, orador, senador baiano que, por conta de sua célebre atuação na Casa, ganhou o título de Patrono do Senado.
A maior contribuição do senador para as instituições brasileiras está no papel que desempenhou na assembleia constituinte que elaborou a primeira Constituição da República, em 1891. Ele incluiu no texto a criação do Supremo Tribunal Federal (STF), responsável pelo controle sobre a constitucionalidade das leis e atos Legislativos e do Executivo. Ruy Barbosa acrescentou ainda o direito ao habeas corpus no texto constitucional, instrumento que utilizou anos depois para liberar presos políticos do golpe de Floriano Peixoto.
O parlamentar participou ainda da criação do Código Civil aprovado em 1916, que vigorou até 2002, foi relator do projeto, e apresentou emendas a quase todos os seus mais de 1800 artigos. Muitas glórias no Legislativo, pouca sorte nas investidas no Executivo. Sua participação na equipe econômica do presidente Deodoro da Fonseca é considerada por enorme salto inflacionário na época. Além disso, Ruy Barbosa, perdeu duas eleições presidenciais de que participou. Sendo a primeira em 1909, disputada contra o General Hermes da Fonseca, historicamente conhecida como a “Campanha Civilista”. Dez anos depois, Ruy se candidatou novamente, defendendo uma reforma no setor social, e perdeu para Epitácio Pessoa, então candidato da política café com leite vigente na Primeira República.
Consagrado com o apelido de “Águia de Haia”, em 1907, na 2ª Conferência da Paz em Haia, exerceu papel relevante, defendendo o princípio da igualdade jurídica das nações soberanas, à luta pelo fim da escravidão, em favor dos movimentos sociais, mesmo sob forte preconceito das grandes potências presentes.
E para concluir deixo dois pensamentos para reflexão desse grande jurista Rui Barbosa que dizia:
“De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”.
É importante salientar que Ruy Barbosa é o Patrono dos Advogados e ele escreveu essa maravilha: “A profissão de advogado tem, aos nossos olhos, uma dignidade quase sacerdotal. Toda vez que a exercemos com nossa consciência, consideramos desempenhada a nossa responsabilidade”.
Um fato interessante é que Santo Ivo é o Padroeiro dos Advogados, nascido na França, que o dia 5 de novembro é uma data em que se homenageia o escrivão de polícia, o cinema brasileiro, o cientista e o dia nacional da cultura, com referência a última homenagem tem sentido, pois neste dia, no ano de 1849 nasceu em Salvador Bahia, Ruy Barbosa de Oliveira, filho do Dr. João José Barbosa de Oliveira Dona Maria Adélia Barbosa de Oliveira. Em 1850 batizam-no como o nome de Ruy.
REFERÊNCIAS:
D’AMARAL, Márcio Tavares, Rui Barbosa, vol 1, Editora Três, 1974, São Paulo SP.
JORNAL A TARDE, página 3, de 03/11/2007. Salvador – Ba.
JORNAL DO SENADO, de 21 a 27/02/2005 – Brasília DF.
LITERATURA LUSO-BRASILEIRA, vol. 3, Editora Dicopel, São Paulo.
PEREIRA, Benjamin Nunes, Rui Barbosa e o Dia da Cultura, em A Partilha das Letras,
Edição da Academia Conquistense de Letras e Casa da Cultura de Vitória da Conquista
– Bahia, Vol. 2, 2008, Vitória da Conquista Bahia.
*Benjamin Nunes Pereira, é Jornalista, membro da Academia Conquistense de
Letras e da Casa de Cultura de Vitória da Conquista, bancário aposentado,
Licenciado em História, pela UESB com pós-graduação em Antropologia com
ênfase na Cultura Afro-brasileira, pela UESB e pós-graduado em Programação e
Orçamento Público, pela UFBA.
E-mail: bnunespereira@yahoo.com.br