Clara Nunes a Guerreira
Benjamin NUNES Pereira *
No dia 2 de abril de 2023, a grande cantora brasileira Clara Nunes completa 40 anos do seu falecimento, Clara que nasceu no dia 12 de agosto de 1942 em Paraopeba – MG, sendo uma das mais jovem dos sete filhos do sr. Manuel Pereira de Araújo e Amélia Gonçalves Nunes, os seus irmãos de nomes, José, Maria, Ana Filomena, Vicentina, Branca e Joaquim, era uma família muito humilde do interior de Minas Gerais, viveu no distrito de Cedro que pertencia a Paraopeba até os 15 anos de idade, hoje Cedro é emancipado com o nome de Caetanópolis.
O pai de Clara Nunes, era marceneiro conhecido como “Mané Serrador”, também violeiro e participante das festas de folia de Santo Reis, o pai de Clara faleceu vítima de atropelamento em 1944 e sua querida mãe entrou em estado de depressão, falecendo posteriormente de câncer, em 1948. Aos 6 anos, Clara já órfã de seus pais foi criada por sua irmã Maria, conhecida por Dindinha e por seu irmão José conhecido como Zé Chilau. Nesse período participava de aulas de catecismo na Igreja Matriz da Cruzada da Eucaristia e cantava ladainhas em latim no coro da Igreja.
Clara Nunes foi uma pessoa que cresceu ouvindo cantoras como: Carmen Costa, Ângela Maria, e em especial Elizeth Cardoso e Dalva de Oliveira, as quais teve sempre influência, mantendo, no entanto, estilo próprio. No ano de 1952, ainda criança, venceu seu primeiro concurso de canto organizado em sua cidade, interpretando “Recuerdos de Ypacaray”. Como prêmio ganhou um vestido azul. Aos 14 anos, para ajudar no sustento do lar, Clara foi admitida como tecelã na fabrica Cedro & Cachoeira, a mesma para a qual seu pai trabalhara.
No ano de 1957 foi preciso mudar urgentemente para Belo Horizonte, onde foi morar com a sua irmã Vicentina e seu irmão Joaquim, que viviam na casa de uma tia paterna, em virtude do assassinato de seu primeiro namorado cometido no mesmo ano por seu irmão Zé Chilau, que procurou defender a honra da irmã, que estava sendo ultrajada por esse rapaz, pois não aceitou o término do relacionamento, e estava sendo alvo de comentários maldosos na sua pequena cidade natal. Depois do crime seu irmão ficou muitos anos foragido, reaparecendo quando Clara Nunes já era famosa, e então ela procurou ajudar o irmão com uma defesa advocatícia perante a justiça. Em Belo Horizonte, Clara trabalhou como tecelã em uma fábrica de tecidos durante o dia inteiro, à noite estudava o curso normal de formação de professores.
Nos finais de semana participava dos ensaios do coral da igreja, no bairro Renascença, onde morava com os irmãos, primos e tios, posteriormente, acabou se afastando do catolicismo, quando conseguiu algumas cartas psicografadas dos seus queridos país, então começou a frequentar centros espíritas de mesa branca e converteu-se ao Kardecismo. Na época teve o prazer de conhecer o violonista Jadir Ambrósio e admirado com a voz da adolescente, Jadir levou Clara a vários programas de rádio, como “Degraus da Fama”, no qual ela se apresentou com seu nome de batismo Clara Francisca.
Clara Nunes, na década de 1960 conheceu Aurino Araújo, irmão de Eduardo Araújo, que levou para conhecer vários artistas, o seu nome artístico Clara Nunes, uma homenagem pelo sobrenome da mãe, quando solteira se chamava Clara Francisca Gonçalves, após o seu casamento adotou o sobrenome Pinheiro, do marido Paulo César Pinheiro.
Clara Nunes começou a cantar na Rádio Inconfidência de Belo Horizonte, por essas obrigações na área musical e as viagens, deixou o emprego, dedicando a musicalidade, fazendo sua primeira apresentação na TV, no programa da Hebe Camargo, fez apresentações na TV Mineira por um bom tempo.
Já em 1965, por orientação de seu namorado Aurino orientou que ela teria mais oportunidades se morasse em São Paulo ou no Rio de Janeiro, escolheu o Rio de Janeiro por ter parentes e já conhecia o Rio de Janeiro, quando passou a viver no bairro Copacabana, onde viu o mar pela primeira vez, ficando encantada, o que lhe deu mais inspiração com a musicalidade. No Rio de Janeiro passou a se apresentar em vários programas televisivos. Fez um teste como cantora na gravadora Odeon e registrou pela primeira vez a sua voz em um LP.
Clara Nunes se apresentou em vários países levando o nome do Brasil com a autêntica a musica brasileira, sendo sucesso total por onde passou.
Em 1980 gravou o álbum “Brasil Mestiço”, que fez sucesso em todo o Brasil, contendo a música “Morena de Angola”, composta por Chico Buarque de Holanda, entre outras de grande sucesso, em 1981 gravou o LP “Clara” e Em 1982, a Odeon lançaria “Nação”, o último álbum de estúdio da cantora. O LP teve como destaques a faixa-título (de João Bosco, Aldir Blanc e Paulo Emílio), “Menino Velho” (de Romildo e Toninho), “Ijexá” (de Edil Pacheco), “Serrinha” (de Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro) – uma homenagem dos compositores à escola de samba Império Serrano e ao Morro da Serrinha, reduto do jongo, situadas em Madureira, subúrbio carioca. Ainda naquele ano, apresentou-se na Alemanha ao lado de Sivuca e Elba Ramalho e participou do LP “Kasshoku”, lançado no Japão pela gravadora Toshiba/EMI, gravando um especial para a emissora de TV NHK. O último musical dela pela TV foi em 1983 gravado no Pelourinho e Farol da Barra em Salvador Bahia.
Em 05 de março de 1983, Clara submeteu a uma cirurgia de varizes, mas acabou tendo uma reação alérgica do anestésico e sofreu um choque anafilático no Centro de Terapia do Rio de Janeiro. Nesse procedimento Clara sofreu uma parada cardíaca e permaneceu 28 dias internada na UTI da Clinica São Vicente, no Rio de Janeiro. Devido ao fato a cantora foi vítima de uma série de especulações que circulavam nos meios de comunicação sobre sua internação, entre elas: inseminação artificial, aborto, tentativa de suicídio, uso de drogas e violência doméstica, todas comprovadamente Fake News.
Na madrugada do dia 2 de abril de 1983, em um sábado de aleluia, a quatro meses de seu 41º aniversário, os médicos declaram morta em razão do choque anafilático. Foi aberta sindicância pelo Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro, tendo na época arquivada a sindicância, gerando por muitos anos suspeitas sobre a causa da morte da cantora. O seu corpo foi velado por mais de cinquenta mil pessoas na quadra da escola de samba Portela. Quanto ao seu sepultamento ocorreu no Cemitério São João Batista, tendo sido o acompanhamento por muitos fãs, amigos e colegas da cantora. Para homenageá-la a rua em Oswaldo Cruz onde fica a sede da Portela, sua escola de coração, recebeu seu nome, onde era antiga rua Arruda Câmara. Clara foi um ícone da música brasileira e que fez muita falta a sua partida tão cedo e nova. Então, Clara Nunes onde quer que você esteja e pela distância que nos separa, que Deus lhe clareia Clara Nunes.
REFERÊNCIAS:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Clara_Nunes
Com adaptações e inserções do autor do texto.
*Benjamin Nunes Pereira, é Jornalista, membro da Academia Conquistense de Letras e da Casa de Cultura de Vitória da Conquista, bancário aposentado, Licenciado em História, pela UESB com pós-graduação em Antropologia com ênfase na Cultura Afro-brasileira, pela UESB e pós-graduado em Programação e Orçamento Público, pela UFBA.
E-mail: bnunespereira@yahoo.com.br