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Elomar e Guimarães Rosa: Desindoidecer, desindoidar (Pequenas notas)

27/02/2023 5 min read

AA

 Elomar e Guimarães Rosa: Desindoidecer, desindoidar (Pequenas notas)
Paulo Pires é professor universitário

Paulo Pires

João Guimarães Rosa, assim como o grande poeta-místico-pensador-compositor Elomar, era um sujeito
autêntico. Ambos são brasileiros legítimos e se assemelham em muitos aspectos. A parecença deles começa pelo
lado estético [Rosa e Elomar são inventores de linguagens inusitadas em seus campos de criação]. Outro aspecto
revela zelo e meticulosidade quando se expressam. Um terceiro aspecto, quase conseqüência do anterior, decorre
de uma razão simples: Sendo homens muito criativos, são detentores de uma autocrítica impiedosa sobre o que
produzem.
Rosa, em conversa com Pedro Bloch [ele nunca concedia entrevista, gostava realmente de conversar]
chegou a assinalar que se lhe permitissem colocaria nas capas dos seus livros críticas todas as desfavoráveis ao
seu trabalho. A palavra entrevista para ele era um horror. Algo semelhante a ojeriza que Elomar nutre pela palavra
show. Elomar nunca dá show. Elomar realiza concertos e fim de papo.
Rosa era um sujeito tranqüilão. Dizia “não estar nem aí” para quem não admirasse sua obra. E garantia,
entre realista e confiante (com um pouco de presunção também) que seu trabalho mais cedo ou mais tarde teria um
lugar entre os mais altos da chamada Alta Literatura. Sua previsão se confirmou.
O menino do sertão virou cidadão do mundo. Foi traduzido em todos os continentes e morreu admirado por
quase todos os críticos do Brasil e exterior. Na conversa com Bloch há uma pequena mostra de sua passagem pelo
campo literário. Um pequeno trecho abaixo dá mostra de sua importância. Vejam alguns lugares, pessoas,
publicações e entidades que lhe fazem louvores na conversa com Bloch:
“Não preciso perguntar nada pra saber que The Devil to day in the Backlands (tradução americana de
Grande Sertão e que textualmente significa: "Vai Haver o Diabo no Sertão") foi editado por Knopf este ano; Il Duello
(Primeira parte de Sagarana) tem êxito enorme na Itália, enquanto já se prepara a segunda parte; Seuil, da França,
publicou, em 1961, Buriti (uma parte de Corpo de Baile) que, por sinal, não inclui a novela Buriti, mas três outras;
em 1962 surgiu Les Nuits du Sertão (L'Express proclamou: Guimarães Rosa é Giono multiplicado por dez!); Livros
do Brasil, de Lisboa, alterando todo o seu programa de publicação, dão prioridade absoluta à obra de Rosa, já
tendo lançado Sagarana, com êxito invulgar; Feltrinelli, de Milão, publicará Corpo de Baile, Grande Sertão e obras
futuras; na Suécia, na Alemanha (Kipenheuer), na Noruega (Gyldendel Norvsk), na Dinamarca, na Tchecoslováquia
(Dilia), na Holanda, na Finlândia, na Espanha, em toda parte a obra deste vulto extraordinário de nossa literatura
está provocando acaloradas disputas pela prioridade de publicação”.
Quem diria que aquele menino nascido em Cordisburgo-MG, cidade hoje com menos de um terço da
população de Itambé, saísse daquele lugarzinho e fosse ganhar o mundo. Quem diria? Pois foi isso que aconteceu
com Joãozito. O menino atingiu alturas que poucos anteviam ele pudesse alcançar.
Sentimo-nos na obrigação de falar desse gênio, porque nos seus 102 anos, completados no final de junho
último, só pessoas do ramo e das academias literárias e universitárias se dedicaram a lhe prestar justas
homenagens. Rosa deveria ser lembrado oficialmente todos os anos. Por que razão? Porque colocou e coloca o
Brasil em um panteão literário que só o vôlei e o futebol de vez em quando nos colocam no plano esportivo. O Chile
faz isso constantemente com Pablo Neruda. A Alemanha lembra Goethe todos os anos com um Feriado Nacional.
E nós? Nós fazemos reverências a quem? Infelizmente, só aos cantores de música sertaneja (que de sertanejo
pouco tem). Nossos cantores bregueiros são os grandes artistas (?) da nação brasileira para nossa Mídia.
Será que o nosso mundo está doido? Diadorim (um dos enigmáticos personagens de Guimarães Rosa)
travava diálogos confusos com Riobaldo. Este, louco pelo companheiro, cuja obsessão era vingar a morte do pai
Joca Ramiro, vive com a cabeça endoidecida para cravar um punhal no coração de Hermógenes. Ao final
consegue, mas também morre. Só depois de sua morte é que Riobaldo descobre: Diadorim era mulher.
Era um mundo doido. Rosa chegou a dizer que seu livro era uma autobiografia irracional. E era mesmo!
Conforme alguns críticos (especialmente os que utilizam esquemas freudianos) a obra rosiana contém
particularidades que só a pós-modernidade poderá explicar. O fato é que o mundo precisa urgentemente
desindoidar, desindoidecer. Subvertemos os valores de tal modo que “realmente quem tem valor tá fora”. Viva
Elomar, que se abstraiu da mundanidade superficial e criou seu maravilhoso Universo Contemplativo do Sertão.

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